Quarta-feira, 10 de dezembro de 2025
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Tudo pronto para o início da cúpula do G20, grupo dos países ricos e principais emergentes, que representam 85% da economia mundial. Ontem à noite (31), aterrissou o avião do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, em sua primeira visita oficial à Europa, e hoje chegará Luiz Inácio Lula da Silva, que pode se tornar um dos protagonistas do evento.

Os principais líderes mundiais se reúnem a partir de amanhã no centro de convenções ExCel, no leste de Londres, com dois objetivos: por um lado, conseguir um acordo para revitalizar a economia mundial e fazer frente à crise; por outro, aumentar a regulação internacional dos bancos e outras instituições financeiras para evitar novas crises. Estão na pauta os paraísos fiscais, a ajuda aos países em desenvolvimento e a reforma do FMI (Fundo Monetário Internacional).

“A prioridade é buscar as medidas de emergência necessárias para fazer frente à crise”, explica ao Opera Mundi Vanessa Rossi, pesquisadora sênior do centro de estudos econômicos Chatham House. “Em segundo lugar, eles devem olhar para a frente e estabelecer um marco regulatório que evite a repetição dos problemas no futuro”.

“O principal objetivo é conseguir uma expansão fiscal coordenada, embora isso seja complicado. No momento, Obama quer liderar a expansão fiscal, mas não tem o apoio da Europa”, diz Richard Jackman, professor de economia da London School of Economics.

O FMI sugere um estímulo fiscal de pelo menos 2% do PIB de cada país, até 2 trilhões de dólares, quantia que o órgão considera necessária para compensar os efeitos da recessão. Países como Alemanha e França são mais reticentes quanto a estas medidas.

“Os europeus, com França e Alemanha à frente, não acreditam que essa expansão fiscal coordenada possa se aplicar a eles, porque o estado de bem-estar já cobre esse gasto automaticamente”, acrescenta o professor Jackman. “Eles são mais partidários da ideia de que cada país adote medidas concretas”.

O papel do FMI

Um dos principais objetivos do G20 é aumentar os fundos do FMI, que não dispõe de recursos suficientes para intervir em crises como a atual. A instituição concedeu empréstimos de emergência num valor de 46 bilhões de dólares a sete países nos últimos seis meses, e mais nações estão na corda bamba. O anfitrião da cúpula, o primeiro-ministro britânico Gordon Brown, pediu que o FMI disponha de pelo menos 500 bilhões de dólares.

No entanto, países em desenvolvimento como China, Brasil e Índia condicionam o reforço dos fundos do FMI à reforma da estrutura e ao aumento da sua influência na organização, em detrimento dos países europeus.

“Um dos aspectos importantes desta cúpula será o refinanciamento do FMI, a decisão de como será feito este financiamento. E as economias emergentes, como Brasil e Índia, terão um papel muito importante na hora de decidir o mecanismo para fornecer fundos a estes organismos”, explica Charles Goodhart, diretor do programa de pesquisa financeira da London School of Economics. “O Brasil é uma das economias que serão importantes no futuro e podem sair reforçadas desta cúpula”.

Lula chega a Londres com a intenção de pressionar pela realização de uma reforma das instituições financeiras mundiais, de modo que os países em desenvolvimento tenham mais voz. Ele também pedirá mais ajuda aos países pobres e emergentes e o fim definitivo das políticas protecionistas.

O G20 reúne Estados Unidos, Japão, Canadá, Rússia, Reino Unido, França, Alemanha, Itália, Brasil, China, Índia, México, Indonésia, África do Sul, Argentina, Arábia Saudita, Turquia, Coreia do Sul, Austrália e a União Europeia.

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