Presidente sul-coreano diz que Trump é ‘única pessoa’ capaz de aliviar tensões com Norte
Alegando ser 'muito amigo' de Kim Jong Un, líder dos EUA expressou disposição para se encontrar com homólogo neste ano; Lee Jae Myung elogiou magnata de 'peacemaker'
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, manifestou que está disposto a se encontrar com o líder norte-coreano, Kim Jong Un, ainda neste ano. A posição norte-americana se deu na segunda-feira (25/07), durante a visita oficial do presidente da Coreia do Sul, Lee Jae Myung, à Casa Branca, tendo como principal foco o estreitamento das relações bilaterais nas áreas de comércio e defesa, além da crise na Península Coreana.
“Eu gostaria de vê-lo este ano. Estou ansioso para me encontrar com Kim Jong Un no futuro apropriado”, disse Trump, destacando que tem um “relacionamento muito bom” com o líder de Pyongyang, com quem se encontrou três vezes durante o seu primeiro mandato presidencial. Segundo ele, ambos se tornaram “muito amigos, respeitosos” um com o outro.
O magnata enfatizou um trabalho conjunto entre sua gestão, junto com a de Lee, poderá resultar em “grandes progressos” na busca de diálogo com a Coreia do Norte – esta, por sua vez, reitera impossibilidade em qualquer tentativa de paz com o país vizinho, tendo em vista a aliança com um “país hegemônico”.
Sem mencionar o ex-presidente democrata Joe Biden, Trump criticou que durante sua ausência na Casa Branca, Pyongyang endureceu seu poder bélico, desenvolvendo mais mísseis e aumentando as capacidades nucleares.
“Se eu estivesse no cargo, isso não teria acontecido”, afirmou.
Por sua vez, o mandatário sul-coreano fez questão de usar o termo em inglês “peacemaker” (“pacificador”, na tradução em português) para o seu homólogo, arrancando-lhe risos. “A única pessoa que pode progredir nesta questão é você, senhor presidente”, disse Lee. “Se você se tornar o ‘peacemaker’, então eu o ajudarei sendo um ‘pacemaker’ (“marcapasso”, na tradução em português)”.
“Gostaria de pedir seu papel no estabelecimento da paz na Península Coreana”, reforçou o pedido. “Estou ansioso para sua reunião com o presidente Kim Jong Un e a construção de uma ‘Trump Tower’ na Coreia do Norte para jogar golfe naquele lugar. Eu acredito que ele estará esperando por você.”
No encontro, Trump também levantou a possibilidade de que uma eventual conversa com Kim poderia acontecer à margem da Cúpula da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec) que será realizada em Gyeongju, na Coreia do Sul, no final de outubro, da qual o republicano pretende participar.
“Isso seria interessante. Marcaremos uma reunião entre você e Kim Jong Un. Você gostaria disso? Eu não sei. Essa é uma pergunta muito difícil agora. Não sei para onde essa pergunta está sendo levada. De qualquer forma, olhe, eu me dou muito bem com Kim Jong Un e tudo o que eu posso fazer é reunir as pessoas. Você deve se reunir”, disse.
Não se esperava um clima amigável no Salão Oval, uma vez que antes da recepção do presidente asiático, Trump havia questionado, por meio da plataforma Truth Social, a estabilidade política da Coreia do Sul após o impeachment de Yoon Suk Yeol, ex-chefe de Estado de extrema direita que tentou dar um golpe de Estado ao decretar a lei marcial em dezembro passado.

Primeiro encontro bilateral entre presidentes da Coreia do Sul, Lee Jae Myung, e dos Estados Unidos, Donald Trump
Divulgação/Imprensa Conjunta da Coreia do Sul
Diálogo neutralizado
A imprensa local avaliou que o presidente Lee pareceu neutralizar uma série de questões “potencialmente explosivas”, diante das recentes medidas tomadas pela Casa Azul que distanciam a nação dos EUA como forma de aliviar as tensões na Península Coreana.
Após a cúpula em Washington, o mandatário sul-coreano deu uma declaração pública dizendo que concordou com Trump em aumentar os gastos com defesa e “modernizar” a aliança bilateral, tornando-a “mais recíproca e orientada para o futuro, de acordo com o cenário de segurança em mudança”.
“O compromisso de defesa dos EUA com a Coreia do Sul e nossa postura de defesa conjunta permanecem inabaláveis e firmes”, acrescentou. “Ao mesmo tempo, a Coreia do Sul assumirá um papel mais importante na manutenção da segurança na Península Coreana”.
Soberania territorial
O jornal econômico sul-coreano Money Today informou que, durante a cúpula, o magnata teria exigido tomar a área onde a base militar dos EUA no país está instalada. No entanto, os diplomatas manifestaram rejeição às demandas do presidente norte-americano pelo fato da medida configurar uma violação à Constituição da Coreia do Sul no que diz respeito à soberania territorial.
Analistas políticos consultados pelo veículo também interpretam que o pedido de Trump visa pressionar Seul nas negociações de compartilhamento de custos de defesa, além de querer estacionar suas tropas na Península Coreana para conter a China. Atualmente, a base militar norte-americana na Coreia do Sul abriga cerca de 28,5 mil funcionários.
“A Coreia do Sul diz: ‘nós demos a terra’, mas não foi isso”, criticou Trump. “A Coreia do Sul ’emprestou’ a terra. Há uma grande diferença entre dar e aluga. E acho que (se você tiver propriedade), poderá reduzir muitos custos”.























