Sábado, 6 de dezembro de 2025
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O presidente interino da Síria, Ahmed al-Sharaa, inicia uma visita oficial sem precedentes a Washington, durante a qual será recebido na Casa Branca, na segunda-feira (10/11), pelo presidente americano Donald Trump, consolidando a aliança do ex-jihadista com os Estados Unidos.

À frente de uma coalizão rebelde islâmica, al-Sharaa derrubou o antigo líder sírio Bashar al-Assad, em dezembro de 2014, pondo fim a uma guerra civil que durou mais de 13 anos.

Este é o primeiro encontro bilateral de um chefe de Estado sírio nos Estados Unidos desde a independência do país, em 1946. A visita do líder sírio ocorre um dia após seu nome ter sido retirado da lista de terroristas dos EUA, com o fim das sanções contra Ahmed al-Sharaa pelo Conselho de Segurança da ONU. Ele chegou a Washington no sábado (08/11) e se reuniu com representantes de organizações sírias na capital federal norte-americana.

Durante sua visita aos Estados Unidos, há a previsão de assinatura de um acordo de adesão à coalizão antijihadista liderada por Washington, de acordo com o enviado dos EUA para a Síria, Tom Barrack.

Combate ao jihadismo

O grupo Estado Islâmico foi derrotado militarmente na Síria em 2019 pela coalizão e pelas Forças Democráticas Sírias (FDS), lideradas pelos curdos, que atualmente negociam sua integração ao Exército sírio.

Os Estados Unidos, por sua vez, planejam estabelecer uma base militar perto de Damasco “para coordenar a ajuda humanitária e observar os acontecimentos entre a Síria e Israel”, disse uma fonte diplomática na Síria à AFP.

O presidente interino da Síria Ahmed Al-Sharaa
Wikimedia Commons

No sábado, o Ministério do Interior sírio anunciou ter realizado 61 operações e efetuado 71 prisões em uma “campanha para neutralizar a ameaça representada pelo grupo Estado Islâmico”, segundo a agência de notícias oficial SANA.

Estas operações ocorreram principalmente nas áreas de Aleppo, Idlib, Hama, Homs, Deir ez-Zor, Raqqa e Damasco, onde ainda existem células adormecidas da organização, afirmou o ministério.

Suspensão das sanções dos EUA contra a Síria

Na quinta-feira (06/11), o Conselho de Segurança da ONU suspendeu as sanções contra Ahmed al-Sharaa, acolhendo, em uma resolução preparada pelos Estados Unidos, o compromisso das novas autoridades do país em “combater o terrorismo”.

O porta-voz do Departamento de Estado, Tommy Pigott, declarou que o governo de al-Sharaa vinha cumprindo as exigências dos Estados Unidos, entre elas a colaboração na busca por cidadãos americanos desaparecidos e a eliminação de armas químicas remanescentes no país.

Até um ano atrás, Ahmed al-Sharaa liderava o Hayat Tahrir al-Sham (HTS), o antigo braço sírio da Al-Qaeda. Mas, desde que assumiu o poder, rompeu com seu passado jihadista, intensificando as negociações com o Ocidente e com países da região, especialmente com as ricas monarquias árabes. Ele também iniciou negociações com Israel, país com o qual a Síria está teoricamente em guerra.

Donald Trump já havia se reunido com o líder sírio durante uma viagem a Riad, na Arábia Saudita, em maio, e anunciado a suspensão das sanções dos EUA contra a Síria. Os dois também devem discutir negociações com Israel e a reconstrução da Síria, um projeto cujo custo pode ultrapassar 216 bilhões de dólares, segundo o Banco Mundial.

Em maio, o presidente dos EUA instou o líder sírio a aderir aos Acordos de Abraão, que, em 2020, formalizaram o reconhecimento de Israel por diversos países árabes.