Sábado, 6 de dezembro de 2025
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O presidente da Guatemala, Bernardo Arévalo, denunciou neste domingo (26/10) uma tentativa de golpe de Estado vinda do Sistema Judiciário do país.

O presidente guatemalteco acusou a procuradora-geral, Consuelo Porras, e o juiz do Ministério Público (MP), Freddy Orellana, de tentarem alterar a ordem constitucional do país, acusando-os de fazer parte e proteger a corrupção que assola a Guatemala há décadas.

“A aliança criminosa dentro do Ministério Público e de certas áreas do sistema judiciário busca perturbar a ordem democrática”, denunciou.

Arévalo denunciou que Orellana, a quem descreveu como “um assassino de aluguel a serviço de Porras”, está tentando forçar o Tribunal Supremo Eleitoral (TSE) a distorcer os resultados das eleições e anular a eleição de políticos do partido.

“A investida judicial que estão lançando com ações ilegais demonstra a mesma intenção: impedir a restauração das instituições democráticas, criar condições para corromper os processos eleitorais para os órgãos judiciais e de fiscalização previstos para 2026 e enterrar a possibilidade de eleições livres, transparentes e justas em 2027″, alertou o presidente.

Segundo Arévalo, “Porras, Orellana e seus outros conspiradores patéticos criaram um contexto de terror para afundar” a Guatemala. “Eles fizeram isso usando processos judiciais ilegítimos para prender e torturar cidadãos honestos, tentando desencorajar a defesa da democracia e buscando obter falsas confissões e acusações como ferramenta para um golpe de Estado”, acrescentou.

Diante da ameaça, o mandatário progressista pediu que o Supremo Tribunal de Justiça (STJ) destitua Orellana, e solicitou uma reunião com a Organização dos Estados Americanos (OEA) para que os abusos do Judiciário guatemalteco sejam expostos.

Também exigiu que a OEA “aplique os procedimentos estabelecidos na Carta Democrática para enfrentar as ameaças à democracia”, como visitas de observadores, avaliações e relatórios.

Arévalo também pediu à comunidade internacional que “permaneça vigilante” sobre a situação no país centro-americano.

Decisão de Orellana implica na anulação completa do partido da autoridade eleitoral do país, afetando diretamente cargos ocupados por políticos do partido no Executivo, inclusive o da Presidência
Bernardo Arévalo/X

“Pedimos à comunidade internacional que não desvie sua atenção do golpe que está sendo tentado agora na Guatemala”, solicitou Arévalo, acompanhado pela vice-presidente Karin Herrera, seu gabinete ministerial e deputados do Movimento Semente em transmissão nacional.

O chefe de Estado convocou a população, os povos indígenas e todos os setores a se mobilizarem contra o golpe de Estado. “Nossa voz deve ser ouvida alta e clara: não ao golpe e à corrupção, sim à democracia, à liberdade, ao respeito à vontade soberana do povo guatemalteco”, enfatizou.

De acordo com a agência de notícias Prensa Latina, o secretário de Comunicação Social da Presidência guatemalteca, Santiago Palomo, declarou nesta segunda-feira (27/10) que o governo está dando continuidade às ações anunciadas pelo presidente Arévalo.

Em entrevista coletiva no Palácio Nacional da Cultura, sede do Poder Executivo, Palomo declarou que o governo tinha conhecimento sobre o aumento das “tentativas desesperadas de burlar a lei”.

De acordo com o representante, as tentativas de desestabilização cresceram porque Arévalo deve indicar um novo procurador-geral para substituir Porras até maio de 2026.

Perseguição contra o Movimento Semente

A denúncia de Arévalo surge no contexto da perseguição judicial que sofre seu partido, após Orellana ordenar, na última sexta-feira (24/10), a nulidade absoluta do partido governista, Movimento Semente, com o qual Arévalo venceu as eleições presidenciais de 2023.

A decisão do juiz implica na anulação completa do partido da autoridade eleitoral do país, afetando diretamente cargos ocupados por políticos do partido no Executivo, inclusive o da Presidência.

Os procedimentos jurídicos contra o Movimento Semente ganharam força depois que Arévalo foi o segundo presidenciável mais votado no primeiro turno da eleição em 2023, classificando-se para a disputa do segundo turno.

O Ministério Público e o juiz Orellana tentaram primeiro impedi-lo de participar do segundo turno, e depois impedir que os candidatos vencedores do Movimento Semente tomassem posse, o que Arévalo denunciou como um golpe judicial.

(*) Com TeleSUR, informações de Prensa Comunitaria e Prensa Latina