Premiê francês entrega carta de demissão a Macron com menos de um mês no cargo
Sébastien Lecornu é o terceiro primeiro-ministro a renunciar em um ano; ele alegou ausência de condições para governar
O premiê francês Sébastien Lecornu entregou a sua carta de demissão ao presidente Emmanuel Macron na manhã desta segunda-feira (06/10). Nomeado em 9 de setembro, há menos de um mês, ele é o terceiro primeiro-ministro em um ano a renunciar no país.
A demissão acontece um dia após Lecornu anunciar um novo gabinete praticamente idêntico ao anterior, levando a reações da oposição francesa que o acusou de ter “recuado da prometida ruptura com a política passada”.
Lecornu foi fortemente criticado pela escolha de Roland Lescure para a pasta de Economia, um aliado de Macron e ex-ministro da Indústria e Energia; e a de Bruno Le Maire para a Defesa, também ex-ministro da Indústria e Energia, alinhado ao presidente.
Ao anunciar sua saída, ele afirmou que “as condições não estavam mais reunidas” para exercer o cargo. Lecornu disse que tentou dialogar com todos os blocos parlamentares, inclusive, abrindo mão do artigo 49.3 da Constituição francesa, que o permite aprovar leis sem votação do Congresso.
“O abandono desse instrumento não permitiu o choque necessário para se fazer política de outro modo”, disse, ao lamentar o “despertar de alguns apetites partidários” e criticar: “é preciso sempre preferir o país ao partido”.

Sébastien Lecornu entrega carta de demissão a Macron com menos de um mês no cargo
Departamento de Defesa dos EUA / Wikimedia Commons
Pressão nas ruas e no Parlamento
A saída do premiê francês expõe a fragilidade do governo Macron. Ela vinha sendo gestada por partidos da esquerda à extrema direita que planejavam um novo voto de desconfiança, que poderia derrubá-lo antes mesmo de sua primeira sessão parlamentar.
A renúncia ocorre em meio à urgência da votação do orçamento para o próximo ano, cujas propostas levaram à queda do ministro anterior François Bayrou, após nove meses no cargo. E diante de grandes de sucessivas mobilizações populares no país contra a política de austeridade de Macron.
Em meio à instabilidade política, as opções para o presidente francês incluem a escolha de um quarto primeiro-ministro, a dissolução do Parlamento e a convocação de novas eleições, ou como pressionam alguns parlamentares da oposição, a renúncia.























