Domingo, 7 de dezembro de 2025
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Por “decisão soberana”, o ministro das Relações Exteriores da Argentina, Santiago Cafiero, anunciou nesta quinta-feira (06/04) a volta do país como Estado-membro da União de Nações Sul-Americanas (Unasul).
Segundo o chanceler, o retorno da Argentina à organização, que saiu durante o governo do ex-presidente Mauricio Macri (2015-2019), por conta de seu alinhamento à direita e ao Estados Unidos, foi uma decisão do mandatário argentino Alberto Fernández. 

Fernández afirmou que sua ação em relação à organização caminha com o objetivo de “garantir uma Unasul que sirva ao desenvolvimento econômico de nossos povos”.

Cafiero também anunciou que, após a decisão do presidente, todos os chanceleres dos Estados-membros ativos da Unasul, que atualmente são Bolívia, Guiana, Suriname e Venezuela, foram comunicados.

“O retorno da Argentina à Unasul dá ao país uma opção integracionista que não exclui nenhuma outra. Para o governo argentino é crucial qualquer instância que acrescente poder de decisão nacional e a consolidação de uma região cada vez mais integrada, com maior comércio inter-regional, melhores níveis de comércio e de cooperação na busca de seu desenvolvimento” afirma a carta de Cafiero destinada aos seus homólogos.

O chanceler argentino também falou sobre a importância dos blocos de integração na América Latina e no Caribe para “garantir que a região continue a ser a zona de paz mais densamente povoada do mundo, exatamente no momento em que o mundo está mostrando sérios sinais de fragmentação e instabilidade”.

País deixou organização de cooperação sul-americana durante governo Macri por seu alinhamento à direita e aos Estados Unidos

Wikicommons

Unasul foi criada em 23 de maio de 2008, com impulso de Néstor Kirchner, Lula, Hugo Chávez e Evo Morales

Por sua vez, o ex-presidente da Bolívia Evo Morales parabenizou a decisão de Fernández, afirmando que “a integração sul-americana é garantia de soberania, solidariedade e fraternidade dos povos livres da Pátria Grande”. 

Já o ex-presidente da Colômbia e secretário-geral da Unasul até 2017, Ernesto Samper Pizano, saudou o anúncio de reincorporação da Argentina à organização. “Assim é restaurada a esperança de trabalharmos juntos novamente em questões comuns na região, como a transição ecológica, a soberania alimentar ou a inteligência artificial”, declarou Pizano.

Manifestação do Brasil 

Na esteira do anúncio argentino e segundo o jornal O Globo, o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, deve anunciar a volta do país à Unasul quando completar 100 dias de governo, na próxima segunda-feira (10/04). Brasília deixou a organização em 15 de abril de 2019, sob o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (2019-2022).

O planejamento de retorno à Unasul foi afirmado por Lula ao tomar posse como presidente eleito do Brasil em 1º de janeiro no Congresso. Além disso, ao parabenizar Fernández pela decisão, Pizano também agradeceu ao presidente do Lula por manifestar interesse em voltar à União.

Além do Brasil, outro país que pode voltar a fazer parte da Unasul é o Chile. Tendo anunciado a decisão argentina diretamente de Santiago, onde faz reuniões bilaterais com o presidente Gabriel Boric, Fernández também convidou o vizinho sul-americano a reativar sua participação na organização, segundo o portal chileno Emol.

A Unasul foi criada em 23 de maio de 2008, com impulso de Néstor Kirchner, Lula, Hugo Chávez e Evo Morales, e foi criada visando “a paz e a segurança, eliminar a desigualdade socioeconômica, alcançar a inclusão social e a participação cidadã, fortalecer a democracia e reduzir as assimetrias no marco do fortalecimento da soberania e independência dos Estados”.