Sábado, 6 de dezembro de 2025
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A política migratória do governo Trump é tema de um estudo da organização binacional Kino Border Initiative (IKF). O Informe de Deportações 2025, publicado na última semana, entrevistou 278 imigrantes deportados para a cidade de Nogales, no estado mexicano de Sonora.

Intitulado “Não me deixaram dizer adeus”, o relatório revela um aumento substancial nas deportações de residentes de longa data no país, com impactos diretos sobre famílias estabelecidas há décadas nos Estados Unidos.

Segundo o documento, 44% dos entrevistados viviam no país há mais de dez anos e 39,2% foram separados de seus familiares, principalmente de cônjuges e filhos. Muitos eram considerados formalmente cidadãos norte-americanos.

“Essa mudança no perfil dos deportados destaca não apenas uma mudança nos padrões de aplicação da lei, mas também a separação generalizada de famílias, o que gera dificuldades emocionais, financeiras e de cuidado para quem está nos Estados Unidos”, afirma o estudo.

Divulgada em parceria com a Rede Jesuíta com Migrantes, o estudo mostra que 57% dos deportados residiam em território norte-americano no momento da detenção, um salto significativo em relação aos 5% registrados em 2024.

Para a organização, os dados confirmam que a atual política migratória não afeta apenas recém-chegados, mas atinge comunidades estabelecidas há anos no país.

Detenções degradantes

O estudo traz um forte apelo por mudanças urgentes nas práticas de detenção e deportação, a fim de proteger os direitos humanos e a dignidade das famílias migrantes.

As detenções ocorrem, em sua maioria, em espaços públicos como ruas e tribunais. 33% das deportações começaram com prisões realizadas por forças policiais regionais ou estaduais e quase metade dos casos contou com participação direta do Departamento de Imigração e Alfândega (ICE).

44% dos entrevistados residiam há mais de dez anos nos EUA e foram separados de seus filhos e cônjuges
Daniel Torok / White House

A maioria dos casos, 60%, aconteceu no estado do Arizona e as demais na Califórnia, Flórida, Nevada, Oregon, Texas e Washington. Após serem presos, os migrantes passaram por uma série de “violações do direito à integridade pessoal e ao acesso aos serviços básicos de saúde”, aponta o documento.

O estudo detalha superlotação, negligência médica, exposição a fumaça tóxica, abuso verbal e físico, além de deslocamentos prolongados em ambientes degradantes.

Frente às violações, a IKF exige que o Congresso dos EUA restaure “os sistemas de controle, garanta a prestação de contas e priorize a dignidade humana na política migratória”. Pede, também, aos legisladores do Arizona que reduzam a cooperação com o ICE e protejam as comunidades locais.

A entidade convoca organizações e cidadãos a acompanharem os imigrantes nos Estados Unidos, tornando suas histórias visíveis como “um exercício de defesa dos direitos humanos”.

Confira a íntegra do Informe