Sábado, 6 de dezembro de 2025
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O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, anunciou na quarta-feira (15/10) que não participará da 10ª Cúpula das Américas, a ser realizada entre 4 e 5 de dezembro na República Dominicana. A recusa ocorreu após o governo de Luis Abinader, no final de setembro, determinar a exclusão de Cuba, Nicarágua e Venezuela no evento internacional sob justificativa de buscar “evitar a polarização política”.

“Propus aos EUA uma reunião CELAC/EUA para estudar a integração econômica de uma América maior. Não houve resposta, e o que temos é uma agressão no Caribe, que havia sido estabelecido como uma zona de paz. Não participarei da Cúpula das Américas na República Dominicana. O diálogo não começa com exclusões”, disse Petro.

De acordo com o mandatário colombiano, os países latino-americanos precisam de “relações mais abertas e profundas” entre si. “A América Latina não precisa tomar partido nas competições comerciais em constante mudança entre nações poderosas. A América Latina precisa se integrar internamente com projetos concretos: eu propus eletricidade limpa, o México propôs produção de medicamentos, e o Brasil e nós estamos avançando na integração amazônica e na conexão com o mundo inteiro sem exceções ou subordinações”.

A iniciativa se alinha com a da presidente mexicana Claudia Sheinbaum, que durante uma coletiva no Palácio Nacional, na segunda-feira (13/10), declarou que não participará da cúpula.

“Não, não vou participar”, afirmou, acrescentando que o governo mexicano avalia se algum representante da Secretaria de Relações Exteriores poderá comparecer em seu lugar. “Pessoalmente, nunca concordamos que qualquer país seja excluído”.

Presidente colombiano Gustavo Petro se recusa a participar da 10ª Cúpula das Américas
Gettyimages.ru/Franklin Jacome

Na quarta-feira, a Cuba manifestou, em comunicado, “profunda preocupação e rejeição”. “Esta decisão constitui uma evidente capitulação ante as brutais pressões unilaterais do secretário de Estado norte-americano [Marco Rubio]”, disse o governo.

Em 6 de outubro, o ministro do Interior, Justiça e Paz da Venezuela, Diosdado Cabello, classificou o mandatário dominicano como “mafioso” e disse que quando um país falta “já não é Cúpula das Américas”.

A gestão dominicana, que exerce a Presidência pro tempore do fórum, afirmou em documento que “a não convocação” de Cuba, Nicarágua e Venezuela “constitui a decisão que, dadas as circunstâncias hemisféricas, favorece a maior adesão”. Argumentou ainda que essas nações “decidiram não fazer parte da OEA” [Organização dos Estados Americanos] e que também não participaram da edição anterior.

Com a chegada de Trump na Casa Branca, a decisão tomada por Luis Abinader rompe com uma tradição no país caribenho, já que tanto na 28ª Cúpula Ibero-Americana de 2023 quanto na Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) de 2017, ambas realizadas na República Dominicana, as três nações agora excluídas foram convidadas ao evento.

(*) Com Brasil de Fato e RT