Petro diz que Colômbia seria ‘arrastada’ para guerra ao rechaçar ataques dos EUA à Venezuela
Presidente colombiano afirmou que governo Trump pode fazer de Caracas 'a mesma situação da Síria'
O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, emitiu um alerta sobre as consequências de uma eventual intervenção militar dos Estados Unidos na Venezuela, durante uma reunião do conselho de ministros nesta terça-feira (19/08). Em defesa de Caracas, o mandatário colombiano disse que o governo de Donald Trump poderia estar repetindo o que fizeram com a Síria, com a diferença de que arrastaria a Colômbia para a guerra.
“Os EUA estão perdidos se pensam que, invadindo a Venezuela, resolverão seu problema. Eles vão arrastar a Venezuela para a mesma situação da Síria, só que com o problema adicional de arrastar a Colômbia para ela”, afirmou Petro. A intervenção norte-americana na Síria, iniciada em 2014 sob a justificativa de combater o Estado Islâmico, também foi responsável pela derrubada do governo de Bashar al-Assad, no ano passado.
A declaração do líder colombiano ocorre após os EUA enviarem três navios militares com 4 mil soldados para a costa da Venezuela. No dia anterior, a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, disse que Washington está preparado para “usar todo o seu poder” visando prender supostos traficantes latino-americanos. Por sua vez, o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, sem provas, descreveu o presidente venezuelano Nicolás Maduro como chefe do Cartel dos Sóis, uma organização que foi classificada como “grupo terrorista internacional” pelo Departamento de Estado norte-americano, em julho.
De acordo com Petro, uma invasão norte-americana abriria espaço para uma atuação ainda mais forte de grupos criminosos que atuam na fronteira entre os dois países. Segundo ele, estas entidades aproveitariam para explorar minerais e outros recursos naturais.
“Esses grupos podem se aproveitar para se apoderar das riquezas do subsolo, dos minerais, e isso significa mais economia para a morte, não para a vida. Então eu disse a Trump, por meio de seus emissários, que esse seria o pior erro”, destacou.

Gustavo Petro defende Nicolás Maduro em meio a ameaças de interferência norte-americana na Venezuela
Presidencia de la Republica de Colombia
Venezuela fala sobre ‘desespero’ dos EUA
O governo venezuelano também emitiu um comunicado classificando a atitude de Washington como “desesperada” e um reflexo do “fracasso das políticas na região”.
“A Venezuela vê claramente o desespero do governo estadunidense, que recorre a ameaças e difamações contra o nosso país. As acusações de Washington contra a Venezuela por tráfico de drogas revelam sua falta de credibilidade e o fracasso de suas políticas na região. Enquanto Washington ameaça, a Venezuela avança firmemente em paz e soberania, demonstrando que a verdadeira eficácia contra o crime se alcança respeitando a independência dos povos”, diz o texto.
“Essas ameaças não afetam apenas a Venezuela, mas também ameaçam a paz e a estabilidade de toda a região, incluindo a Zona de Paz declarada pela Celac [Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos], um espaço que promove a soberania e a cooperação entre os povos latino-americanos. Toda declaração agressiva confirma a incapacidade do imperialismo de subjugar um povo livre e soberano”, acrescentou.
Além da retórica diplomática, Maduro ordenou a mobilização de 4,5 milhões de integrantes da milícia bolivariana – uma força civil voluntária – para defender o território nacional. O ministro do Interior, Diosdado Cabello, também anunciou que a Marinha venezuelana foi destacada para patrulhar a costa.
(*) Com informações de Brasil de Fato























