Peruanos pedem renúncia de presidente interino após nomeação ministerial
Manifestantes foram às ruas contra José Jéri, que nomeou 19 ministros após cinco dias no cargo
Manifestantes foram às ruas do Peru nesta quarta-feira (15/10) contra a postulação do gabinete ministerial de José Jerí, presidente interino que assumiu o cargo após o impeachment de Dina Boluarte, na última sexta-feira (10/10).
Segundo o diário local La República, milhares de pessoas participaram dos protestos em rechaço à chegada de Jerí à Presidência, e também reivindicam a aplicação da Lei nº 32.108 que declara declara estado de emergência no setor de transportes, devido à insegurança e más condições de trabalho, e promove a modernização e formalização do transporte público no Peru.
Além disso, os professores protestam contra a insatisfação econômica, com salários baixos e condições precárias de trabalho, e a ruptura no diálogo como o governo de Jerí.
O governo peruano estava sem um gabinete por conta do atraso para a escolha dos ministros. A demora representou para o país uma dificuldade e instabilidade da conjuntura política peruana.
O agora presidente interino Jerí justificou o atraso dizendo que o gabinete tinha, segundo ele, a necessidade de uma “base ampla, que inclua diferentes setores políticos e da sociedade. O mandatário também afirmou que, com a queda de Boluarte, alguns ministros do então governo apresentaram suas renúncias no decorrer desses cinco dias.
Para o jornal espanhol El País, a escolha do gabinete ministerial precisa de legitimidade perante a população peruano, pois o cargo presidencial está com a imagem “desgastada” desde a gestão de sua antecessora.

Presidente do Peru José Jeri assumiu o cargo de presidente do Peru após a destituição de Dina Boluarte
@soyjosejeri
Gabinete ministerial
O mandatário interino nomeou Ernesto Álvarez Miranda como primeiro-ministro e mais 18 servidores. Álvarez Miranda é ex-presidente do Tribunal Constitucional e membro do Partido Popular Cristão, sigla da direita peruana. Ele é acusado de diversos crimes, como difamação, corrupção e teve arquivada, em 2016, uma denúncia de violência sexual.
Cabe acrescentar, ademais, que o próprio presidente Jerí já foi acusado de ter participado em um estupro coletivo, denúncia que foi apresentada em janeiro de 2024 e arquivada meses depois.
Álvarez Miranda é contra as atuais manifestações no Peru e as comparou com o Movimento Revolucionário Tupac Amaru (MRTA), qualificado por ele como “terrorista”.
“Herdeiro do MRTA, a gangue que quer tomar a democracia de assalto para controlar as eleições de abril, não representa os jovens que estudam e trabalham por um futuro”, disse ele em sua conta no X.
Além de Miranda, outros nomes da gabinete também são denunciados. Como o caso da economista Denisse Miralles, que foi nomeada como ministra da Economia e Finanças e é acusada de ter favorecido empresas de fachada enquanto ocupava um cargo público. Já o general aposentado César Díaz Peche foi indicado como novo ministro da Defesa. Em 2022, ele foi condenado a três anos por exceder sua liderança como Comandante em Chefe do Exército, sendo absolvido após um ano.
O gabinete ministerial está formado por: Vicente Tiburcio (Interior), Aldo Prieto (Transportes e Comunicações), Walter Medina (Justiça e Direitos Humanos), Óscar Fernández Cáceres (Trabalho), Vladimir Cuno (Desenvolvimento Agrário e Irrigação), Luis Quiroz Avilés (Saúde), Luis Bravo de la Cruz (Energia e Minas), Jorge Figueroa Guzmán (Educação), César Quispe Luján (Produção), Teresa Mera Gómez (Comércio Exterior e Turismo), Hugo de Zela (Relações Exteriores), Sandra Gutiérrez Cuba (Mulheres e Populações Vulneráveis), Lesly Shica Seguil (Desenvolvimento e Inclusão Social), Martín Luna Briceño (Cultura), Wilder Sifuentes (Habitação) e Martín Espichán (Meio Ambiente).























