Sábado, 6 de dezembro de 2025
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Manifestantes foram às ruas do Peru nesta quarta-feira (15/10) contra a postulação do gabinete ministerial de José Jerí, presidente interino que assumiu o cargo após o impeachment de Dina Boluarte, na última sexta-feira (10/10).

Segundo o diário local La República, milhares de pessoas participaram dos protestos em rechaço à chegada de Jerí à Presidência, e também reivindicam a aplicação da Lei nº 32.108 que declara declara estado de emergência no setor de transportes, devido à insegurança e más condições de trabalho, e promove a modernização e formalização do transporte público no Peru.

Além disso, os professores protestam contra a insatisfação econômica, com salários baixos e condições precárias de trabalho, e a ruptura no diálogo como o governo de Jerí.

O governo peruano estava sem um gabinete por conta do atraso para a escolha dos ministros. A demora representou para o país uma dificuldade e instabilidade da conjuntura política peruana. 

O agora presidente interino Jerí justificou o atraso dizendo que o gabinete tinha, segundo ele, a necessidade de uma “base ampla, que inclua diferentes setores políticos e da sociedade. O mandatário também afirmou que, com a queda de Boluarte, alguns ministros do então governo apresentaram suas renúncias no decorrer desses cinco dias.

Para o jornal espanhol El País, a escolha do gabinete ministerial precisa de legitimidade perante a população peruano, pois o cargo presidencial está com a imagem “desgastada” desde a gestão de sua antecessora. 

Presidente do Peru José Jeri assumiu o cargo de presidente do Peru após a destituição de Dina Boluarte
@soyjosejeri

Gabinete ministerial

O mandatário interino nomeou Ernesto Álvarez Miranda como primeiro-ministro e mais 18 servidores. Álvarez Miranda é ex-presidente do Tribunal Constitucional e membro do Partido Popular Cristão, sigla da direita peruana. Ele é acusado de diversos crimes, como difamação, corrupção e teve arquivada, em 2016, uma denúncia de violência sexual.

Cabe acrescentar, ademais, que o próprio presidente Jerí já foi acusado de ter participado em um estupro coletivo, denúncia que foi apresentada em janeiro de 2024 e arquivada meses depois.

Álvarez Miranda é contra as atuais manifestações no Peru e as comparou com o Movimento Revolucionário Tupac Amaru (MRTA), qualificado por ele como “terrorista”.

“Herdeiro do MRTA, a gangue que quer tomar a democracia de assalto para controlar as eleições de abril, não representa os jovens que estudam e trabalham por um futuro”, disse ele em sua conta no X.

Além de Miranda, outros nomes da gabinete também são denunciados. Como o caso da economista Denisse Miralles, que foi nomeada como ministra da Economia e Finanças e é acusada de ter favorecido empresas de fachada enquanto ocupava um cargo público. Já o general aposentado César Díaz Peche foi indicado como novo ministro da Defesa. Em 2022, ele foi condenado a três anos por exceder sua liderança como Comandante em Chefe do Exército, sendo absolvido após um ano.

O gabinete ministerial está formado por:  Vicente Tiburcio (Interior), Aldo Prieto (Transportes e Comunicações), Walter Medina (Justiça e Direitos Humanos), Óscar Fernández Cáceres (Trabalho), Vladimir Cuno (Desenvolvimento Agrário e Irrigação), Luis Quiroz Avilés (Saúde), Luis Bravo de la Cruz (Energia e Minas), Jorge Figueroa Guzmán (Educação), César Quispe Luján (Produção), Teresa Mera Gómez (Comércio Exterior e Turismo), Hugo de Zela (Relações Exteriores), Sandra Gutiérrez Cuba (Mulheres e Populações Vulneráveis), Lesly Shica Seguil (Desenvolvimento e Inclusão Social), Martín Luna Briceño (Cultura), Wilder Sifuentes (Habitação) e Martín Espichán (Meio Ambiente).