Sábado, 6 de dezembro de 2025
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No domingo de Páscoa, The New York Times e Washington Post trouxeram mais casos de vazamento de informações confidenciais nos Estados Unidos. Em paralelo, o Político publicou um artigo bombástico do ex porta-voz do Pentágono, John Ullyot, afirmando que este foi um mês de “caos no Pentágono”.

Segundo a reportagem no Times, as informações do ataque dos Estados Unidos contra o Iêmen, ocorrido em março, foram enviadas pelo atual secretário de Defesa dos Estados Unidos, Pete Hegseth, a um grupo privado de bate-papo no Signal.

No mês passado, as mesmas informações secretas, incluindo os horários dos ataques aéreos no Iêmen, foram acessadas pelo editor do Atlantic, Jeffrey Goldberg, após ele ser incluído, por engano, em uma reunião do alto escalão do governo Trump, em um grupo, também do Signal, criado por Mike Waltz, o Conselheiro de Segurança Nacional do país.

Desta vez, o ex-âncora da Fox News enviou as mesmas informações secretas para um grupo privado, composto por sua esposa Jenniffer Hegseth, ex-produtora da Fox News, o seu irmão e uma dúzia de outras pessoas, entre elas, dois de seus conselheiros sêniors, Dan Caldwell e Darin Selnick, que foram demitidos após serem acusados de vazar informações não autorizadas.

‘Caos total no Pentágono’

“Foi um mês de caos total no Pentágono. De vazamentos de planos operacionais sensíveis a demissões em massa, a disfunção agora é uma grande distração para o presidente — que merece algo melhor de sua liderança sênior”, desabafou o ex-porta-voz do Pentágono, John Ullyot, em crítica aberta contra Hegseth, em seu artigo no Político.

Ullyot afirma que o Pentágono vive um “colapso total”, com alta rotatividade de funcionários e assolado pelos vazamentos. E faz duras críticas a Hegseth, “o foco do Pentágono não está mais na guerra, mas no drama sem fim”, aponta, ao afirmar que “o presidente [Trump] merece algo melhor do que o atual meliante do Pentágono”.

Pete Hegseth no alvo das críticas após vazar informações em chat privado
Gage Skidmore / Flickr

No domingo, enquanto distribuía ovos de Páscoa na Casa Branca, Donald Trump minimizou as denúncias e defendeu o ex-âncora da Fox News. “Pete está fazendo um ótimo trabalho”, disse o presidente dos Estados Unidos.

“Pergunte aos houthis como ele está. São notícias falsas. Eles só inventam histórias. Parecem funcionários descontentes. Ele foi colocado lá para se livrar de um monte de gente ruim e é isso que ele está fazendo. Nem sempre se tem amigos quando se faz isso”, complementou.

Com tamanho suporte, ao ser cobrado, Hegseth bateu na mesma tecla da perseguição. “Não vão trabalhar comigo, porque estamos mudando o Departamento de Defesa, devolvendo o Pentágono aos combatentes. E difamações anônimas de ex-funcionários descontentes sobre notícias antigas não importam.”

Em comunicado, a veterana de combate e senadora democrata de Illinois, Tammy Duckworth, afirmou que o segundo bate-papo do Signal colocou as vidas de homens e mulheres uniformizados dos EUA em grande risco.

“Quantas vezes Pete Hegseth precisa vazar informações confidenciais antes que Donald Trump e os republicanos entendam que ele não é apenas um mentiroso [ f*cking liar, ela escreveu], mas também uma ameaça à nossa segurança nacional? Cada dia que ele permanece no cargo é mais um dia em que a vida de nossas tropas corre perigo por sua estupidez singular”, afirmou.

Mais vazamentos

Outro vazamento, envolvendo também o governo Biden, foi denunciado em reportagem do Washington Post. Funcionários da Administração de Serviços Gerais (GSA), uma agência independente que supervisiona a construção e preservação de prédios governamentais, compartilharam “indevidamente” uma série de documentos, incluindo plantas da Casa Branca.

O vazamento vinha acontecendo desde 2021, segundo a auditoria de uma equipe de TI, da GSA, na semana passada. As informações não são confidenciais, mas estavam acessíveis aos 11.200 funcionários federais, desde que uma pasta do Google Drive foi salva erroneamente, sem os procedimentos de segurança, na área de trabalho do Google.

Com The Guardian