Sábado, 6 de dezembro de 2025
APOIE
Menu

Pelo quarto dia seguido, os jovens da Geração Z saem às ruas de Marrocos em protesto contra os altos investimentos do Estado direcionados à Copa do Mundo de 2030, e denunciam negligência por parte do governo a serviços essenciais, como educação e saúde.

Na terça-feira (30/09), os manifestantes entraram em confronto direto com as forças de segurança marroquinas. Nas redes sociais, um dos ativistas que participava do protesto publicou um recado enfatizando o direito que os cidadãos têm “à saúde, à educação e a uma vida digna.”

Veículos de comunicação locais e imagens filmadas por testemunhas mostram jovens atirando pedras e incendiando carros em cidades e vilas localizadas no leste e sul do país. Segundo a jornal britânico The Guardian, em Oujda, maior cidade no leste de Marrocos, uma pessoa ficou ferida quando uma viatura chegou para atropelar os manifestantes.

Em resposta ao ocorrido, o Ministério do Interior do Marrocos alegou que os protestos não foram regularizados em conformidade com a lei, ameaçando que caso houvesse o que chamou de “violação”, os manifestantes seriam tratados “com rigor e firmeza”.

A Associação Marroquina para os Direitos Humanos (AMDH) disse que 37 pessoas já foram presas em Oujda na segunda-feira (29/10), entre eles seis menores que deverão comparecer ao tribunal na próxima quarta-feira (08/10).

“Com os protestos programados para continuar, pedimos às autoridades que se envolvam com as demandas legítimas dos jovens por seus direitos sociais, econômicos e culturais e abordem suas preocupações sobre a corrupção”, alertou o escritório regional da Anistia Internacional.

Copa do Mundo 2030 em Marrocos

Marrocos é um dos países a sediar a Copa do Mundo 2030, ao lado da Espanha e de Portugal, e o investimento em infraestrutura e desenvolvimento urbano está estimado entre US$ 15 bilhões a US$ 23 bilhões, de acordo com as informações concedidas pelo embaixador do Brasil no Marrocos, Alexandre Guido Lopes Parola, ao jornal Exame

Problemas ao sediar o evento esportivo não são novidade. Embora traga investimentos, como por meio do turismo, o peso dos gastos públicos pode perdurar, como ocorreu no Brasil, que destinou dezenas de bilhões de reais à infraestrutura para a Copa de 2014, um dos fatores que levou o país a enfrentar dificuldades durante a pandemia de Covid-19 por falta de hospitais.

Ainda segundo o embaixador Lopes Parola, um dos principais investimentos do país será na construção de um novo estádio, reforma de outros seis e aplicações em rodovias e ferrovias.

Todo o movimento de revolta dos jovens contra esses repasses teve início em plataformas como Discord e Tiktok, ganhando cada vez mais visibilidade depois que autoridades passaram a reprimir os manifestantes, em uma situação que se assemelha ao que passou recentemente o Nepal.