Partidos fazem acordo, e Japão pode ter 1ª premiê mulher na história do país
Partido governista fez aliança com oposição após perder maioria no Parlamento, governante renunciar e eleições antecipadas; Sanae Takaichi é conhecida por ultraconservadorismo
O Nippon Ishin (Partido da Inovação do Japão) anunciou nesta segunda-feira (20/10) uma aliança com o Partido Liberal Democrata (LDP), o principal partido conservador do país, garantindo a eleição de Sanae Takaichi como a nova primeira-ministra.
O movimento foi necessário após o LDP perder a maioria nas câmaras alta e baixa do Parlamento, levando à renúncia do líder e primeiro-ministro Shigeru Ishiba em setembro e forçando o partido a realizar eleições antecipadas.
Os líderes dos partidos assinaram o documento oficial, selando a aliança que permitirá ao LDP continuar liderando o governo japonês, como tem feito nas últimas décadas.
“Estou muito ansiosa para trabalhar com vocês nos esforços para tornar a economia do Japão mais forte”, declarou Takaichi ao colíder do Ishin, Hirofumi Yoshimura.
A possível nova primeira-ministra ainda falou em “remodelar o Japão como um país que pode ser responsável pelas gerações futuras”.
Já Yoshimura disse ainda há questões a serem resolvidas entre os dois partidos. O Ishin espera obter concessões, como a reforma da previdência social e a permissão para tornar a cidade de Osaka — onde fica sua base política — uma capital secundária para o Japão em caso de desastres naturais ou emergências em Tóquio.
Segundo o jornal britânico Guardian, o partido ainda pediu a suspensão do imposto de consumo de 10% para alimentos e a proibição de doações corporativas e organizacionais para partidos políticos — uma demanda contestada pelo LDP.

Possível futura premiê japonesa é conhecida por ser “conservadora linha-dura”
Sanae Takaichi/X
O LDP governa o Japão quase ininterruptamente desde 1945, já que, pela tradição japonesa, o líder do principal partido também atua como primeiro-ministro.
O acordo deve entrar em vigor na próxima terça-feira (21/10), quando o Parlamento se reunirá em sessão extraordinária e realizará a votação que dará ao Japão sua primeira líder feminina na história do país.
O acordo não agradou a todos. Após 26 anos de parceria, o partido Komeito decidiu romper seus laços com o LDP ao saber da eleição de Takaichi. O partido, que é apoiado pela organização budista Soka Gakkai, discorda dos posicionamentos da futura premiê sobre segurança, considerando-as “agressivas”.
O Komeito ainda critica o LDP por um escândalo de financiamento e uma crise de custo de vida no Japão, também motivos para que as últimas eleições tenham sido negativas para a sigla conservadora e sua perda de assentos no Parlamento.
A saída foi uma oportunidade para a oposição tirar o LDP do poder, mas não conseguiu uma rápida organização para tal.
Se eleita, Takaichi será a mandatária responsável por receber o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em uma visita diplomática nos próximos dias. Além disso, fará sua estreia internacional na cúpula da Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec) na Coreia do Sul, no fim de outubro.
A possível futura premiê japonesa é conhecida por ser uma “conservadora linha-dura”, que entre outras pautas, se opõe ao casamento homoafetivo, quer “revisar” a Constituição do país, que considera “pacifista” para que reconheça formalmente o papel de suas forças armadas, além de regras mais rígidas sobre imigração.
(*) Com Prensa Latina e informações de The Guardian























