Partido de Milei perde em eleição regional após escândalo de corrupção
Peronismo obtém vitória com 47% dos votos, contra 34% do governismo; Cristina Kirchner apareceu dançando na sacada de seu apartamento após triunfo
O partido do presidente argentino Javier Milei sofreu importante derrota eleitoral neste domingo (07/09), ao perder as eleições legislativas regionais na Província de Buenos Aires.
Segundo as primeiras parciais divulgadas pelas autoridades eleitorais locais, após 83,03% das urnas apuradas, a sigla de extrema direita A Liberdade Avança, liderada pelo mandatário, obteve 33,86% dos votos, sendo superado pela coalizão Força Pátria, que reúne setores de centro-esquerda do peronismo, e que alcançou 46,93%.
O resultado acontece 11 dias depois do surgimento do escândalo de corrupção no qual Karina Milei, irmã do presidente e secretária geral da Presidência, foi acusada de cobrar propina de empresas provedoras de medicamentos para a Agência Nacional para a Deficiência (ANDIS) – segundo o advogado Diego Spagnuolo, um dos envolvidos na trama, a irmã do presidente chegava a receber cerca de 3% do valor total das verbas destinadas a essas compras.
O caso tem afetado a popularidade de Milei, e já havia rendido a ele o primeiro revés eleitoral, no último domingo (31/08), quando o seu partido de extrema direita, A Liberdade Avança, foi apenas o quarto mais votado nas eleições legislativas da Província de Corrientes – ficando atrás da coalizão regionalista Vamos Corrientes, que elegeu a maior bancada, e da aliança Força Pátria, que reúne diferentes setores do peronismo e que ficou em segundo lugar.
Cristina Kirchner
Após o anúncio da primeira parcial mostrando ampla vantagem a favor da centro-esquerda, a ex-presidenta Cristina Kirchner (2007-2015), principal líder do kirchnerismo (setor mais à esquerda dentro do peronismo), apareceu na varanda do seu apartamento dançando em frente a um grupo de centenas de pessoas que se reuniram em frente ao seu edifício.

Partido de Milei foi derrotado pelo peronismo nas eleições da Província de Buenos Aires, com desvantagem de 14%
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Vale lembrar que a ex-mandatária está em prisão domiciliar desde maio deste ano por uma sentença devido a um caso corrupção – no qual sua defesa alega que ela é vítima de uma operação de lawfare.
Ademais, Cristina chegou sua candidatura a deputada provincial em Buenos Aires, mas acabou sendo proibida de concorrer devido à condenação.
O que estava em jogo
As eleições legislativas na Província de Buenos Aires renovarão metade da Câmara e metade do Senado que compõem o Congresso Provincial, na região que reúne as cidades que envolvem a capital federal argentina, e que configuram o maior colégio eleitoral do país – superando inclusive a cidade de Buenos Aires.
O pleito define os 46 deputados de um total de 92, e 23 senadores de um total de 46. Vale destacar que tanto os deputados quanto os senadores provinciais têm mandato de quatro anos – ou seja, os eleitos neste domingo ficarão no cargo até 2029.























