Paramilitares matam 80 pessoas em vilarejo no Sudão
País africano é marcado por confronto entre Forças Armadas e grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (RSF) que disputam governo após queda de ditador colonial
Forças paramilitares do Sudão mataram pelo menos 80 pessoas em um vilarejo no sudeste do país, em meio a uma guerra que já dura mais de um ano.
“Recebemos 55 mortos e dezenas de feridos no hospital na quinta-feira (15/08)”, disse à agência AFP uma fonte do centro médico de Jalgini, localidade situada no estado de Sennar, região onde as mortes aconteceram.
“25 feridos morreram nesta sexta-feira (16/08), levando o balanço de vítimas para 80”, acrescentou.
Segundo uma testemunha, homens armados atacaram Jalgini em três veículos militares na manhã da última quinta-feira. De acordo com seu relato, os moradores resistiram, e o comando voltou pouco depois com reforços.
“Eles abriram fogo, incendiaram casas e assassinaram diversas pessoas”, contou o homem à AFP.

Governo russo/Wikicommons
Mohamed Hamdan Dagalo, líder do grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (RSF)
O ataque ocorreu um dia depois do início das negociações em Genebra, na Suíça, para um cessar-fogo no conflito, que começou em abril de 2023, opondo os generais Abdel Fattah al-Burhan, chefe das Forças Armadas, e Mohamed Hamdan Dagalo, líder do grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (RSF) e mais conhecido como Hemedti.
Antigos aliados, os dois se distanciaram em meio acusações mútuas de concentrar o poder após o levante militar no país tomar o poder e prender o primeiro-ministro Abdallah Hamdok e todos os líderes civis do governo em 25 de outubro de 2021.
Assim, enquanto Hemedti denuncia uma tentativa de restaurar o antigo regime que sustentava o ditador Omar al-Bashir, Burhan quer integrar as FAR no Exército para reduzir a autonomia do grupo.
Em junho passado, as RSF capturaram Sinja, capital de Sennar, estado que já registra mais de 700 mil deslocados, segundo a Organização Internacional para as Migrações (OIM). No país todo, que tem 47 milhões de habitantes, a guerra já forçou mais de 10 milhões de pessoas a fugir de casa.
(*) Com Ansa























