Paralisação nos EUA atinge cerca de 750 mil pessoas e prejudica serviços essenciais
Democratas acusam governo de ‘caos deliberado’ enquanto Trump e sites oficiais culpam ‘extrema esquerda’ por shutdown
Os Estados Unidos entraram em uma paralisação das atividades do governo federal, o chamado shutdown, a meia noite desta quarta-feira (01/10). A medida ocorre após o impasse de democratas e republicanos na votação do novo plano orçamentário do país que prevê cortes na área da saúde, afetando programas sociais.
A medida provisória, apresentada pelos republicanos, previa a manutenção das operações até 21 de novembro, mas diante do entrave no Congresso, uma série de serviços públicos estão sendo interrompidos ou drasticamente reduzidos. Em casos de shutdown, agências e departamentos federais são obrigados a suspender todas as atividades consideradas “não essenciais”.
A medida poderá atingir cerca de 750 mil funcionários que se vem obrigados a entrar em “licença forçada” nesta quarta-feira. Historicamente, eles são reintegrados e recebem os salários retroativos, mas, desta vez, paira a ameaça de que o governo Trump efetue demissões permanentes. Segundo os republicanos, o governo vem criando um “caos deliberado” para se beneficiar politicamente.
Entre os setores mais afetados está a pasta de educação, que teve cerca de 87% de seus funcionários dispensados e investigações sobre violações de direitos civis em escolas e universidades paralisadas, além do congelando da emissão de novos subsídios federais. O setor já vinha enfraquecido após cortes que reduziram sua força de trabalho de 4.100 servidores para cerca de 2.500.
Outras pastas também sofrem a partir desta quarta (01/10) fortes reduções de pessoal: a Agência de Proteção Ambiental teve uma redução de 89% de seu quadro de funcionários, atingindo 13.432 pessoas num universo de 15.166. A pasta de Comércio sofreu redução de 81%, seguida do Trabalho em 76% e Habitação e Desenvolvimento Urbano em 71%, informa The New York Times.

Paralisação nos EUA atinge 700 mil pessoas e prejudica serviços essenciais
Joyce N. Boghosian / White House
NASA está fechada
A NASA também anunciou a suspensão de suas operações normais. “A NASA está atualmente FECHADA devido a um lapso no financiamento do governo”, afirmou a agência em comunicado nas redes sociais. Segundo um plano de contingência enviado ao Escritório de Administração e Orçamento, a agência espacial dispensou 83% de sua força de trabalho, atingindo 15.094 de seus 18.218 funcionários. Apenas equipes responsáveis por proteger vidas e propriedades permanecem em atividade.
O Serviço Nacional de Parques também dispensou mais de 9.200 funcionários, mantendo abertos apenas alguns espaços em regime mínimo. Embaixadas e consulados no exterior informaram que continuarão a processar passaportes e vistos “conforme a situação permitir”, enquanto os serviços das Forças Armadas, Previdência Social e Medicare seguem em funcionamento.
Acusações
Nas redes sociais, o governo Trump vem acusando a “extrema esquerda” de paralisar o país. No site do Departamento de Habitação e Desenvolvimento Urbano (HUD) dos Estados Unidos, foi postado um banner culpando ‘a esquerda radical’ pela paralisação do país. “A esquerda radical no Congresso fechou o governo. O HUD usará os recursos disponíveis para ajudar os americanos necessitados”, diz a mensagem.
Na última segunda-feira (29/09), Trump se reuniu com líderes democratas e republicanos e afirmou, após a conversa que depois de “revisar as exigências ridículas e pouco sérias da minoria radical de esquerda” que “nenhuma reunião com seus líderes poderia ser produtiva”. Em entrevista à Fox News, o vice-presidente JD Vance novamente culpou os democratas pela paralisação. “Você não fecha o governo, não toma o governo como refém, porque quer se envolver em uma negociação sobre os custos de saúde”, disse.
Os democratas, por sua vez, acusam Trump e seu partido de transformar a governança em um jogo de chantagem calculado que ameaça diretamente a vida de milhões de americanos. Em comunicado conjunto, os líderes do partido no Senado, Chuck Schumer, e na Câmara, Hakeem Jeffries, afirmaram que “os democratas continuam prontos para encontrar um caminho bipartidário para reabrir o governo de uma forma que reduza os custos e aborde a crise de saúde republicana. Mas precisamos de um parceiro confiável”.
Eles também acusaram o líder norte-americano: “nos últimos dias, o comportamento do presidente Trump tornou-se mais errático e desequilibrado. Em vez de negociar um acordo de boa-fé, ele está postando obsessivamente vídeos deepfake enlouquecidos. O país precisa desesperadamente de uma intervenção para sair de mais uma paralisação de Trump”.























