Sábado, 6 de dezembro de 2025
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Página 12 trouxe uma análise da derrota do presidente argentino Javier Milei nas urnas neste domingo (07/09), em Buenos Aires. Os candidatos do governador Alex Kicillof, da coalização Fuerza Patria, obtiveram 47,28% dos votos nas eleições legislativas da principal província do país, obtendo seis dos oito distritos eleitorais. Já os libertários do partido governista La Libertad Avanza foram derrotados com 33,71% dos votos.

Foi uma derrota retumbante, aponta a imprensa argentina, a ponto de o próprio líder da extrema direita ter de reconhecê-la: “sem dúvidas, no nível político, hoje tivemos uma derrota clara (…) e temos que aceitá-la”, disse Milei em discurso, ao frisar que apesar disso, seu governo não irá recuar nenhum milímetro em sua atual política.

Para o jornalista e professor Eduardo Aliverti, no artigo “Uma lição formidável”, as eleições neste fim de semana expressam o final de um ciclo político. “Nada será igual, mesmo que o governo se recupere um pouco em outubro. Para começar, o peronismo e as forças progressistas já têm um candidato à presidência”.

Ele se refere ao governador da província de Buenos Aires, Axel Kicillof que “mais uma vez, arruinou a campanha [de Milei] município por município e é o vencedor esmagador” destas eleições. Segundo Aliverti, pela primeira vez o governo regional “assumiu o controle exclusivo de suas eleições e a organização foi exemplar”, afastando qualquer alegação de fraude.

“O peronismo está de volta, ou mostrou que não está morto”, apontou, ao destacar a necessidade de uma unidade, “e não mera unidade” em torno do nome de Kicillof. “Um retorno às disputas internas seria imperdoável depois de tamanha surra e da reação lúcida e comovente da maioria da população de Buenos Aires”, afirmou.

Axel Kicillof
Ignacio Turell / Governo do Uruguai / Wikimedia Commons

Corrupção e esgotamento de modelo econômico

Em sua avaliação, todas as forças do establishment argentino “estão convencidas de que Milei não tem a mínima presença política para administrar a crise” de corrupção que afeta o seu governo. Membros do alto escalão de Milei, incluindo sua irmã Karina, são acusados de pagamento de propinas na compra de medicamentos para a Agência Nacional de Deficiência.

Outro aspecto central, aponta Aliverti, é que o modelo econômico do governo argentino “está esgotado” e “com quase todas as variáveis ​​nos indicadores econômicos explodindo, com autoridades dedicadas exclusivamente a medidas de controle de danos”.

Ele aponta que as medidas financeiras de Milei se limitam a “secar o mercado”, como é chamada a restrição de pesos para impedir sua fuga para o dólar. Ele aponta que “até os economistas mais ortodoxos e próximos da ideologia ‘mileísta'” e os principais bancos do país vêm alertando que a situação macroeconômica encontrar-se “quase completamente fora de curso”.

Em relação à dívida do FMI, ele estima que ela “será impagável”. “O governo quase não tem mais dinheiro e a economia cotidiana da maioria se esforçou em troca de nada. Absolutamente nada, exceto um ajuste do qual só as orcas de sempre lucram, mas de uma forma ainda mais selvagem”, aponta.

“O caso da fita de áudio e o esgotamento do modelo coincidiram. Ou pode-se argumentar que o primeiro expôs uma teia de corrupção governamental inerente ao segundo“, salienta o jornalista, lembrando que “o paradigma de roubar pessoas com deficiência era forte demais para ignorar o fato de que um Estado ausente é uma catástrofe”.

Leia a integra na Página 12.