Sábado, 6 de dezembro de 2025
APOIE
Menu

Após quatro semanas de intensos protestos contra a eliminação do subsídio ao diesel e outras medidas neoliberais do governo de Daniel Noboa, no Equador, a Confederação de Nacionalidades Indígenas do Equador (Conaie) reiterou que a greve nacional continuará, mesmo após o anúncio de que acordos foram firmados entre o governo e representantes do movimento indígena na província de Imbabura.

Essas negociações, iniciadas pelo poder executivo após realizar uma intervenção militar contra manifestantes naquele território, incluíram compromissos como a libertação de detidos, a reabertura de estradas bloqueadas e o estabelecimento de mesas redondas temáticas a partir de 20 de outubro.

A liderança nacional da Conaie declarou que não foi convidada para o processo de negociação e acusou o governo de buscar fragmentar o movimento indígena por meio de acordos parciais. As bases comunitárias que apoiam a mobilização em diversos territórios também rejeitaram os compromissos, alegando que as decisões foram tomadas sem consulta prévia e ratificaram a continuidade das medidas de protesto.

Os manifestantes exigem a revogação do decreto presidencial que acabou com o subsídio estatal ao diesel. Insistem que o custo de vida aumentará em um contexto de crise econômica, queda de empregos e renda e aumento da precariedade.

Porém, conforme as mobilizações se intensificaram e três manifestantes foram mortos pelas forças de segurança, os manifestantes incorporaram exigências de que o governo não criminalizasse os protestos, cessasse a repressão, não promovesse maior militarização do país e libertasse os detidos.

Movimentos indígenas realizam mobilizações no Equador
Karen Toro/ Agência Brasil

A Conaie não foi a única organização a expressar sua presença contínua nas ruas. O povo Kichwa Karanki, após uma Assembleia Territorial, decidiu continuar participando da resistência até que o Decreto 126, que eliminou o subsídio ao diesel, fosse revogado. Eles também anunciaram o fortalecimento de sua mobilização comunitária e seu apoio à campanha do “Não”, no referendo promovido pelo Poder Executivo.

Em resposta, o Executivo emitiu um comunicado oficial afirmando que “não há condições para o diálogo” e que não aceitará o que descreveu como “imposições ou chantagens”. Com essa declaração, o governo marcou uma mudança de postura, afastando-se do processo de diálogo inicialmente proposto.

A Conaie também denunciou a entrada de policiais em residências para prender supostos manifestantes da greve nacional. “Entrar arbitrariamente em residências para prender e espancar pessoas de forma selvagem é um crime de Estado e não pode ser tolerado em nenhuma democracia”, diz em comunicado.

O grupo divulgou vídeos mostrando vários policiais uniformizados entrando em uma casa e detendo uma pessoa à força. Uma vez do lado de fora, os policiais jogaram a pessoa no chão e a espancaram.

“A violência estatal não pode ser normalizada. Protesto não é crime. Exigimos verdade, justiça e reparação integral às vítimas “, declarou a Conaie, que chamou o ministro do Interior do Equador, John Reimberg, de “inimigo do povo”.

Com informações de Telesur.