Sábado, 6 de dezembro de 2025
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A crise política após o escândalo das criptomoedas envolvendo o presidente Javier Milei continua sendo o assunto mais importante na Argentina, e a oposição peronista passou a participar com mais ímpeto desse debate nesta terça-feira (18/02), após declarações de alguns dos seus líderes mais importantes, como a ex-presidente Cristina Kirchner e o governador da Província de Buenos Aires, Axel Kicillof.

Em uma entrevista à emissora Rádio 10, Kicillof acusou Milei de mentir ao dizer que não tem nenhum envolvimento com os empresários criadores da criptomoeda $LIBRA, utilizada no esquema de fraude.

Além disso, o governador lembrou que há fotos comprovando encontros do presidente com alguns dos empresários envolvidos no escândalo.

“Milei mentiu na sexta-feira, quando disse que havia uma criptomoeda que seria usada em um projeto que iria estimular a economia argentina. E está mentindo agora, porque foi ele quem lançou isso, algo que não existia antes”, disse Kicillof.

A coalizão política União Pela Pátria, à qual Kicillof pertence, apresentou no Congresso um pedido de impeachment contra o presidente Milei por sua possível participação no esquema de fraude com criptomoedas que teria vitimado cerca de 40 mil pessoas e gerou lucro de mais de 100 milhões de dólares aos empresários envolvidos.

Metáfora do governo

Em sua declaração, o governador lembrou que a mensagem publicada pelo presidente na sexta-feira (14/02) para promover $LIBRA dizia que a divisa virtual iria “incentivar o crescimento da economia argentina financiando pequenas empresas e empreendimentos argentinos”.

Além disso, a postagem era acompanhada da hashtag #VivaLaLibertadProject, o que faz referência ao famoso slogan de campanha de Milei e do próprio governo: “Viva La Libertad, Carajo”.

Ao ser perguntado sobre a pertinência do pedido de impeachment contra o presidente, Kicillof disse que Milei e os empresários ligados à criptomoeda $LIBRA “concordaram que ele divulgaria isso em um tweet, então ele lança isso e inaugura a moeda, mas ele não a lançou como uma criptomoeda, e sim como um projeto privado para financiar investimentos na Argentina”, dando a entender que ele considera o mandatário como cúmplice do esquema.

“Isso que aconteceu é uma metáfora do que está acontecendo em nível nacional. O que o (ministro da Economia, Luis) Caputo está fazendo também é um esquema de pirâmide, um cassino, uma roleta russa, mas eles nos dizem que é um plano de desenvolvimento”, acrescentou o governador.

Parlamentario.com
Axel Kicillof e Cristina Kirchner lideram bloco opositor argentino nas críticas ao presidente Javier Milei por participação em suposto esquema fraudulento com criptomoedas

 

Entrevista manipulada

Por sua vez, a ex-presidente Cristina Fernández de Kirchner disse em suas redes sociais que Milei não é apenas um golpista de criptomoedas, também é um golpista de entrevistas”.

A mandatária se referiu à entrevista que o presidente concedeu ao canal TN, ligado ao grupo midiático ultraconservador Clarín. O programa foi ao ar na noite desta segunda-feira (17/02) e, em um momento da transmissão, foi vazado um trecho em que o presidente confirma com o jornalista Jonathan Viale que as perguntas foram previamente combinadas com seus assessores.

Em outro momento, também polêmico, o entrevistador permite que o ministro da Economia, Luis Caputo, interrompa a conversa para orientar Milei sobre como responder uma pergunta.

“Ontem à noite, na entrevista para TN, você foi patético, e o ruivo Jony Viale foi vergonhoso. Os dois juntos são constrangedores”, disse Cristina.

A ex-mandatária concluiu acusando Milei de ser “sócio dos especuladores que apostam no cassino administrado por vocês, sua irmã e seus assessores”.

 

Com informações de Página/12 e El Destape.