Sexta-feira, 12 de dezembro de 2025
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O Comitê de Emergência da OMS (Organização Mundial da Saúde) elevou hoje (29) o alerta da gripe suína para o nível 5 o que, segundo o informe da instituição, significa que uma pandemia é iminente. O último estágio do alerta, o 6, indica que a pandemia já existe. A aparição de casos de pessoas contaminadas que não estiveram no México – onde surgiu o primeiro caso de contaminação pelo vírus – foi determinante para elevar o alerta, pois isto prova que a transmissão entre pessoas já está acontecendo em pelo menos dois países.

“Está claro que o vírus está se espalhando, não há sinais de que esse processo está ficando mais lento”, disse nesta quarta-feira Keiji Fukuda, diretor-assistente da OMS para saúde, segurança e meio ambiente em Genebra, Suíça, logo após a reunião de emergência da entidade.

Também foi confirmada hoje a primeira morte causada pela gripe suína fora do México. Um bebê mexicano de 23 meses morreu no Texas, onde visitava parentes. O governo dos Estados Unidos afirmou que o número de infectados no país subiu de 65 para 91 em dez estados.

Até o momento, dez países já confirmaram casos da gripe suína. Além de Estados Unidos e México, a doença também foi registrada na Alemanha, Áustria, Canadá, Costa Rica, Espanha, Grã-Bretanha, Nova Zelândia e Israel. Trinta e seis casos suspeitos estão em avaliação no Brasil, de acordo com o ministro da Saúde, José Gomes Temporão.

O que fazer?

A decisão de ativar o nível cinco de alerta significa que as ações dos governos devem passar da preparação à resposta em nível global, para tentar reduzir o impacto na sociedade. Após iniciado o comitê de emergência de cada país, o principal é ter bem abastecida a rede de distribuição de remédios ou tratamentos disponíveis.

Além disso, os países devem avaliar de forma completa se precisam de ajuda externa, e solicitá-la se for necessário, para ajudar não só a própria população, mas evitar que a pandemia se estenda aos países vizinhos.

Os países que ainda não estiverem afetados pela pandemia precisam também ativar um comitê de crise que esteja preparado para distribuir as vacinas e aplicar as medidas necessárias para contê-la. Mas a OMS, especificamente, não recomenda o fechamento das fronteiras para as pessoas e mercadorias, as desinfecções generalizadas, o uso de máscaras para as pessoas que estiverem saudáveis, a restrição de viagens no interior do país, a não ser que a zona de infecção esteja muito delimitada.

Conforme explica Francisco Aoki, médico infectologista do Hospital das Clínicas da Unicamp, o fechamento de fronteiras é atualmente desnecessário. “A iniciativa da Argentina, de fechar as fronteiras, foi um exagero, que só serve para criar pânico. Deve-se tomar as medidas acertadas, como as do governo brasileiro, de bloquear potenciais casos, trabalhando com a população civil e o sistema de saúde público para evitar casos e bloquear a transmissão por parte de pessoas doentes”.

De acordo com Aoki, somente o número de casos revelará se o país tem capacidade de lidar com a doença. Todavia, acredita que a experiência com o surto de gripe aviária em 2005 contará a favor do Brasil. “Em 2005 foi criado um plano para articular o sistema de saúde e agora esse plano está sendo rearticulado com as devidas modificações. O sistema teve que ser readaptado porque a transmissão agora se dá entre humanos, e isso facilita o contágio”, afirma.

Perigo da auto-medicação

O Tamiflu, medicação apontada pela OMS como eficaz contra os sintomas da gripe suína, teve seu estoque mundial bastante reduzido com o início do surto. A diretora geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Margareth Chan, disse hoje que o órgão mantém quase 3,5 milhões de doses de Tamiflu doados pela fabricante Roche Holding. A OMS também está negociando com a companhia um aumento na capacidade de produção do medicamento para combater a gripe suína.

Para o infectologista da Unicamp, é recomendável que o remédio não seja usado pela população sem indicação médica. “A utilização precoce – ou de pessoas sem a gripe suína ou de pessoas com a gripe há 24 horas – reduz o efeito do tratamento, e pode causar depressão da medula óssea em casos de superdosagem (diminuição da produção de células sangüíneas que pode causar anemias graves, entre outros problemas)”.

OMS aumenta alerta da gripe suína para fase 5, pandemia iminente

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