'Ódio lançado por Charlie Kirk se voltou contra ele', afirma reverendo
Em artigo publicado no Counter Punch, Graylan Hagler destaca tentativa de Trump culpar esquerda por clima de violência política
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, vem se aproveitando da comoção em torno da morte do influenciador de extrema direita, Charlie Kirk, para insuflar sua base contra a esquerda no país. Kirk foi baleado na última quarta-feira (10/09), segundo as autoridades, por Tyler Robinson, estudante de 22 anos da Universidade Utah Valley.
A Câmara dos Deputados realizou na noite deste domingo (15/09), uma reunião virtual de segurança com o sargento de armas da Casa e o chefe da Polícia do Capitólio. Horas antes, ao se referir ao assassinato, Trump afirmou que “o problema está na esquerda”. “Muitas pessoas que você tradicionalmente diria que são de esquerda já estão sob investigação”, disse aos jornalistas.
“Se formos sinceros neste momento, o ódio que Kirk lançou se voltou contra ele”, afirmou o reverendo Graylan Scott Hagler, em artigo publicado no Counter Punch, sob o título “Assassinato de Charles James Kirk: discurso violento leva à violência”.
No texto, Hagler menciona os esforços da direita estadunidense para fazer do influenciador um mártir político e aponta que “Trump falou em baixar a temperatura da linguagem política que é usada, mas no próximo suspiro criticou ‘a esquerda radical’ por castigar a linguagem de ódio de Kirk”.
Segundo reportagem do The Guardian, publicada neste domingo (14/09), mais de 520 atos de terrorismo e violência direcionada ocorreram em quase todos os estados norte-americanos nos seis primeiros meses de governo Trump. Pelo menos 96 pessoas foram mortas e 329 feridas nos ataques, um salto de quase 40% em relação ao mesmo período de 2024.
Discurso de ódio
Para o reverendo, consultor da FOR-USA e presidente da Faith Strategies USA, a retórica de Kirk levava à violência e se encaixava em um discurso que embora “racista e cheia de ódio” é projetado para se apresentar como “político racional e lógico”.

‘Ódio lançado por Charlie Kirk se voltou contra ele’, afirma reverendo
Gage Skidmore / Wikimedia Commons
“Em sua retórica e no chamado estilo de debate, este incendiário evangélico de 31 anos da direita afirmou que os pilotos negros eram incompetentes, os gays deveriam ser apedrejados”, destacou Hagler, que foi Ministro Sênior da Igreja Congregacional Unida de Cristo de Plymouth em Washington.
Ele lembrou que Kirk era um opositor do “controle de armas, aborto, direitos LGBTQ” e da própria Lei dos Direitos Civis de 1964 no país. E lembrou que o influenciador “promoveu o nacionalismo cristão, avançou a desinformação COVID-19, fez falsas alegações de fraude eleitoral em 2020” e foi um “proponente da teoria da conspiração da Grande Substituição”.
Segundo o reverendo, ao tentar “legitimar a nação como um bastião branco da civilização e do cristianismo”, o influenciador “aperfeiçoou o uso de linguagem racial e odiosa e a moldou em uma forma de debate e ponto de vista político aceitável e legítimo”.
Ele usou todos os slogans “da linguagem vil do passado que resultaram muitas vezes em linchamentos e outras formas de violência e revolta racial” e “expandiu o ódio”, colocando “ainda mais em risco a vida e a segurança de outras pessoas”, apontou. Leia a íntegra do artigo do reverendo Hagler no Counter Punch.























