Sábado, 6 de dezembro de 2025
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O governo Trump não se decidiu sobre os ataques na Venezuela, mas seus assessores estão pressionando por uma ofensiva ainda mais agressiva e apresentaram três opções militares contra o país. A informação é do The New York Times, que ouviu autoridades norte-americanas, sob condição de anonimato.

Segundo as fontes, Trump tem demonstrado relutância em aprovar ações que envolvam risco direto para as tropas dos Estados Unidos ou que possam resultar em fracasso político e militar. As propostas vão desde ataques a unidades das Forças Armadas, que garantem a segurança do presidente Nicolás Maduro, a operações para tomar controle de campos petrolíferos estratégicos.

Assessores da Casa Branca solicitaram ao Departamento de Justiça uma orientação jurídica para garantir a base legal para um intervenção, sem precisar de autorização do Congresso para o uso de forças militares ou uma declaração de guerra. Eles buscam acusar o presidente venezuelano e autoridades do seu governo de serem figuras centrais do Cartel de los Soles, grupo narcotraficante classificado como terrorista no país, para contornar a interdição, em vigor no país, de assassinar líderes nacionais.

As pressões por ações mais agressivas viriam, especialmente, do secretário de Estado Marco Rubio e do vice-chefe de gabinete, Stephen Miller. Já os apoiadores políticos mais leais a Trump, contrários aos ataques na Venezuela, argumentam que ele foi eleito para acabar com “guerras eternas”, não incitar novas.

Auxiliares ouvidos pela reportagem revelam que o presidente norte-americano tem feito repetidas perguntas sobre “o que os EUA ganhariam em troca”, com atenção especial ao acesso às vastas reservas de petróleo venezuelano.  Eles também relataram existir muito mais planejamento “para atacar o governo de Maduro do que sobre o que seria necessário para governar a Venezuela caso a operação fosse bem-sucedida”.

NYT: Trump avalia opções para atacar Venezuela
White House / Daniel Torok

Opções discutidas

Os advogados do Departamento de Justiça que estão desenvolvendo a análise jurídica solicitada pela Casa Branca têm como referência um memorando que levou à morte do general iraniano Qassem Suleimani em 2020. Na época, Washington justificou os ataques argumentando que ele “estava desenvolvendo planos para novos ataques contra militares e diplomatas dos EUA”.

Até agora, aponta NYT, três opções estão sobre a mesa. A primeira contemplaria ataques aéreos contra instalações militares para tentar enfraquecer o suporte interno a Maduro, obrigando o líder venezuelano a fugir, o que o tornaria mais vulnerável à uma possível captura.

A segunda seria o envio de Operações Especiais, como a Força Delta do Exército ou o SEAL Team 6 da Marinha, para capturar ou matar o presidente venezuelano, sob o argumento de combate ao narcoterrorismo, o que demandaria contornar as proibições internas contra o assassinato de líderes estrangeiros.

A terceira opção seria enviar forças de contraterrorismo para assumir o controle de campos petrolíferos e aeroportos estratégicos, o que implicaria alto risco direto para tropas e civis, aponta NYT.

Trump tem resistido a autorizar ações que envolvam tropas no terreno, o que pode favorecer alternativas com drones navais e mísseis de longo alcance após a chegada da frota ao Caribe, afirma a reportagem.

Petróleo

NYT ressalta que a questão do petróleo permanece central e que o presidente “está profundamente focado nas enormes reservas de petróleo da Venezuela, as maiores do mundo”.

Recentemente, a Venezuela renovou a licença da norte-americana Chevron e chegou a oferecer concessões a empresas dos Estados Unidos, incluindo participação dominante em projetos de petróleo e ouro, além do redirecionamento de exportações hoje voltadas à China. Trump rejeitou as propostas no começo de outubro.

Segundo a reportagem, o republicano não será forçado a tomar uma decisão até pelo menos meados de novembro, quando chegará aos mares caribenhos o Gerald R. Ford, o maior e mais novo porta-aviões norte-americano, com capacidade de transportar 5 mil tripulantes e mais de 75 aeronaves de ataque. Atualmente, cerca de 10 mil militares estão posicionados na região, metade em navios de guerra e metade nas bases militares de Porto Rico.