Terça-feira, 16 de dezembro de 2025
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva faz visita a China em um momento em que o gigante asiático celebra bons números da economia, que demonstra estar se recuperando do baque provocado pela crise mundial.  “O pacote de estímulo da China já mostrou resultados. A economia passou por mudanças positivas e a situação é melhor que o esperado”, declarou o primeiro-ministro da China, Wen Jiabao, ontem (18). O crescimento do país chegou a 6,1% no primeiro trimestre e vários indicadores econômicos mostram o que pode ser o começo de uma recuperação.

A economia da China foi duramente atingida pela recessão global, com uma queda drástica das exportações nos últimos seis meses (elas caíram 22,6% em abril, na comparação com o mesmo período do ano passado). Milhares de fábricas que trabalhavam para mercados estrangeiros foram fechadas, especialmente nas províncias do sul, e até 25 milhões de trabalhadores migrantes foram dispensados.

Mas o país tem vários recursos que podem ajudá-lo a superar a crise. “A China não tem dívida, tem muitas reservas estrangeiras, uma economia poderosa e pessoas com poucos bens dispostas a consumir”, explica Jean-Jacques Joulié, diretor da Addax Asset Management. “Além disso, seu sistema bancário é saudável e não tinha fundos podres”.

Estão surgindo os primeiros sinais de recuperação. “O crescimento econômico melhora e existem alguns bons indicadores: a produção de aço aumenta, a China voltou a comprar matéria-prima, as vendas de imóveis recomeçaram e os empréstimos bancários estão em alta, assim como o mercado financeiro”, aponta Mary-Françoise Renard, estudiosa especializada em economia chinesa.

Em novembro do ano passado, o governo elaborou um programa para impulsionar o consumo doméstico. Um pacote de estímulo de 580 bilhões de dólares foi lançado e grandes projetos de infraestrutura começaram no país todo. “O plano parece eficaz”, reconhece Françoise Nicolas, pesquisadora do Instituto Francês de Relações Internacionais. “Há uma vontade clara do governo, e isso é uma grande vantagem. Mas o que eles fizeram até agora foi a parte mais fácil: grandes projetos, investimentos pesados em infraestrutura. Não vemos a reorientação estratégica da qual eles falam.”

Social

A China anunciou que criaria um sistema de seguridade social, a fim de encorajar as pessoas a poupar menos e consumir mais. “A proteção social é pré-requisito para o consumo doméstico”, sublinha Mary-Françoise Renard. “O povo chinês não consumirá enquanto não tiver uma proteção social”. Hoje, o consumo doméstico responde por apenas 35% do PIB (Produto Interno Bruto) da China.

Mas criar uma rede de segurança social é uma tarefa enorme, e a China planeja oferecer essa proteção a todos até 2020. “Existem tensões sociais e, por isso, as autoridades tendem a buscar resultados rápidos”, explica Françoise Nicolas. “Eles têm de equilibrar objetivos de curto e longo prazo. No curto prazo, precisam de crescimento para acalmar a população. No longo, contudo, deveriam pensar em reestruturar a economia. É um equilíbrio difícil de alcançar”.

Em março, o Banco Mundial previu um crescimento de 6,5% para a economia da China em 2009. Seria uma projeção dos sonhos para a maioria dos países do mundo. Mas a China teve um crescimento anual de dois dígitos de 2003 a 2007 e o índice de 6,5% seria o mais fraco em duas décadas. Até o primeiro-ministro reconhece os desafios que o país ainda tem pela frente: “O desenvolvimento econômico e social da China está diante de grandes dificuldades”, afirmou.

Números da economia demonstram recuperação da China

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