Novos protestos na França: Agricultores se mobilizam contra acordo UE-Mercosul
Principal sindicato agrícola francês, FNSEA, rejeitou tratado e convocou 'grande jornada de ação' para dia 26 de setembro
A nomeação de um novo primeiro-ministro na França, o macronista Sébastien Lecornu, não acalmou as ameaças de mobilização dos movimentos sociais no país. O principal sindicato agrícola francês, a FNSEA, convocou neste domingo (14/09) uma “grande jornada de ação” para o dia 26 de setembro. A notícia antecipou a grande mobilização contra a ratificação, pela França, do acordo de livre comércio entre a União Europeia e o Mercosul, inicialmente prevista para novembro, e surpreendeu as bases, segundo o jornal francês Le Figaro.
No início de setembro, a Comissão Europeia deu um passo decisivo para finalizar o acordo, ao aprovar o texto e pedir que os 27 países do bloco o ratifiquem rapidamente. Para tentar evitar os protestos, Bruxelas ofereceu garantias “sólidas” aos produtores rurais franceses, prometendo agir caso as importações afetem negativamente setores como os da carne bovina, frango, açúcar e etanol. A expectativa é que o processo de ratificação seja concluído antes do fim do ano.
A FNSEA martela que o tratado UE-Mercosul é “inaceitável” e o acordo é visto como uma “ameaça”. “Não importemos produtos que não queremos em nossos pratos!”, protestou Arnaud Rousseau, presidente da FNSEA, no Le Figaro. Ele se refere à carne bovina e ao frango, principalmente brasileiros, produzidos com hormônios proibidos na França, detalha o jornal conservador.

FNSEA afirma que tratado UE-Mercosul é “inaceitável” e acordo é visto como “ameaça”
La FNSEA/X
Aumentar pressão sobre o governo
O Libération avalia que o principal sindicato agrícola francês aproveita a chegada do novo primeiro-ministro para aumentar a pressão sobre o governo, mas destaca que o movimento para a jornada de protesto do dia 26 de setembro está dividido. A Confederação Camponesa, segundo maior sindicato agrícola do país, apoia a greve nacional convocada por todas as centrais sindicais francesas para o próximo dia 18 de setembro.
Além do acordo UE-Mercosul, os agricultores franceses protestam contra tarifas adicionais impostas pelos EUA a produtos europeus, negociadas por Bruxelas; normas europeias excessivas; cortes no orçamento da Política Agrícola Comum (PAC); e a proibição de um pesticida na França, autorizado na UE até 2033, elenca o jornal progressista.
“Precisamos de um rumo claro do presidente e do governo. Eles devem mostrar se sim ou não consideram a agricultura como prioridade nacional”, questiona Arnaud Rousseau, citado pelos jornais.
O acordo UE-Mercosul vem sendo negociado há 26 anos. Se for ratificado, criará a maior zona de livre comércio do mundo, com um Produto Interno Bruto (PIB) conjunto de cerca de US$ 22 trilhões (mais de R$ 115 trilhões) e um mercado consumidor de 720 milhões de pessoas. O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, espera que o processo de ratificação seja concluído até dezembro, antes de o Brasil deixar a Presidência rotativa do bloco sul-americano.























