Sábado, 6 de dezembro de 2025
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O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), garantiu que não pretende retroceder “um milímetro” no processo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), acusado por tentativa de golpe de Estado. A declaração foi dada em entrevista exclusiva ao jornal norte-americano The Washington Post, e publicada nesta segunda-feira (18/08) após o magistrado ter tido sanções impostas contra ele pelo governo dos Estados Unidos de Donald Trump.

“Não existe a menor possibilidade de recuar nem um milímetro. Faremos o que é certo: receberemos a acusação, analisaremos as provas, e quem tiver que ser condenado será condenado. Quem tiver que ser absolvido será absolvido”, declarou o relator do processo da trama golpista.

Sanções não são agradáveis, mas a investigação continuará. Não há como recuarmos naquilo que precisamos fazer. Digo isso com total tranquilidade”, acrescentou.

Em 30 de julho, às vésperas do tarifaço, Moraes foi sancionado pelos EUA sob a Lei Magnitsky, uma lei que costuma ser aplicada pelo governo norte-americano contra supostos violadores de direitos humanos no exterior. A medida bloqueia bens e empresas ligadas àqueles que são alvos da medida. A punição ao ministro brasileiro foi imposta por determinação de Trump, que o acusa de conduzir uma “caça às bruxas” contra Bolsonaro.

Ao Washington Post, Moraes assegurou que o processo contra o ex-presidente é “legal e legítimo” e afirmou que 179 testemunhas já foram ouvidas desde o início da investigação, que entrará em sua fase final no dia 2 de setembro.

“O Brasil foi infectado pela doença do autoritarismo. Nosso papel é aplicar a vacina, dado que o país enfrentou diversos golpes de Estado no século passado”, disse.

Ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes concede entrevista exclusiva ao The Washington Post
Rosinei Coutinho/STF

Relação entre Brasil e EUA

Na entrevista, Moraes considerou que tradicionalmente o Brasil e os EUA compartilham de uma relação amistosa. Contudo, a reportagem descreve que a “crescente brecha” entre os países, de acordo com o ministro, “era temporária, impulsionada pela política e pelo tipo de desinformação que ele passou anos tentando sufocar”.

Sobre isso, o juiz mencionou o deputado federal Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente preso, que realizou uma “campanha diplomática desonesta” fomentando as agressões norte-americanas contra o Brasil, além de solicitar sanções contra ele.

“Essas falsas narrativas acabaram envenenando a relação – falsas narrativas apoiadas pela desinformação espalhada por essas pessoas nas redes sociais”, disse Moraes. “Então, o que precisamos fazer, e o que o Brasil está fazendo, é esclarecer as coisas.”

(*) Com Ansa