Sábado, 6 de dezembro de 2025
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O senador conservador e pré-candidato à Presidência da Colômbia, Miguel Uribe Turbay, morreu na madrugada desta segunda-feira (11/08) após mais de dois meses de internação devido a um baleamento durante um comício em Bogotá.

A informação foi concedida pela Fundação Santa Fé de Bogotá, onde estava internado, e confirmada nas redes sociais por sua esposa, María Claudia Tarazona.

“Sempre será o amor da minha vida. Obrigada por uma vida cheia de amor. Peço a Deus para que me mostre o caminho para viver sem você”, escreveu Tarazona na legenda de uma foto do casal no Instagram. “Descanse em paz, amor da minha vida. Eu cuidarei dos nossos filhos”, finalizou a esposa do político.

O membro do partido de direita Centro Democrático, teve seu quadro agravado no último sábado (09/08), após sofrer uma hemorragia cerebral. Antes do falecimento de Uribe, um dos últimos comunicados sobre seu estado de saúde informava a realização de uma cirurgia de emergência no domingo (10/08).

O que aconteceu?

Uribe, que iniciou sua carreira política em 2011 no Conselho Municipal de Bogotá, estava internado desde o último 7 de junho na Fundação Santa Fé, em Bogotá, quando foi atingido por dois tiros na cabeça e um na perna enquanto discursava em um comício político na cidade de Fontibón.

O senador, que também atuou como Presidente do Conselho Municipal de Bogotá em 2014 – três anos após sua primeira eleição – precisou passar por diversas cirurgias e, em 1º de julho, sua irmã, María Carolina Hoyos, chegou a declarar que a evolução médica do senador era “milagrosa”.

Já em 14 de julho, a Fundação Santa Fé confirmou que o estado de saúde do pré-candidato à Presidência mantinha-se “favorável e estável”, após deixar de emitir notas sobre seu quadro por um período.

Até o momento, a polícia colombiana prendeu seis pessoas em razão do ataque contra Uribe, incluindo um adolescente de 15 anos, autor do atentado.

Semanas antes do crime, o jovem havia sido vinculado a políticas sociais da cidade para jovens vulneráveis, como o programa “Jovens em Paz”, promovido pela Prefeitura de Bogotá. No entanto, informantes indicaram que ele demonstrava uma “personalidade conflituosa” e não frequentava regularmente as oficinas do programa, nem mantinha laços sociais estáveis.

Além de vários menores de idade, José Arteaga (El Costeño) foi detido como o organizador do ataque, Cristian Camilo, Carlos Eduardo Mora, Katerine Martínez e William Fernando González são supostamente implicados em graus variados como “coautores”.

Governo colombiano lamenta e alerta contra violência política

A morte de Uribe provocou reações em todos os setores políticos na Colômbia, mas também internacionalmente.

O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, prestou suas condolências, chamou atenção para a violência política no país e defendeu que “a vida está acima de qualquer ideologia”.

“Em um governo progressista e amante da vida, ocorreu um ataque com um resultado trágico contra um senador da oposição. É por isso que estamos tristes; a morte de Miguel nos entristece, como se fosse um dos nossos. É uma derrota. Cada vez que um colombiano é assassinado, é uma derrota para a Colômbia e para a vida”, lamentou.

Petro também mencionou a investigação do crime, afirmando que “a investigação deve prosseguir” e que as “autoridades competentes, auxiliadas por peritos internacionais, emitirão uma decisão oportunamente”. Enquanto isso, “cabe ao governo repudiar o crime e ajudar”.

A Presidência da Colômbia emitiu um posicionamento nas redes sociais. “A Presidência da República lamenta profundamente o falecimento do senador Miguel Uribe Turbay. Expressamos nossas mais profundas condolências e simpatia à família, amigos e entes queridos neste momento difícil”.

A vice-presidente colombiana, Francia Márquez, também lamentou o falecimento do candidato e enviou condolências aos seus familiares, amigos e apoiadores. Seu posicionamento também abordou a violência política na Colômbia, uma vez que o ataque ocorreu em meio à alta polarização política no início do período pré-eleitoral de 2025-2026 .

Uribe estava internado desde 7 de junho, quando foi atingido por tiros enquanto discursava em comício político em Bogotá
LuigiVenegas/Wikicommons

“Hoje é um dia triste para o país. A violência não pode continuar a determinar o nosso destino. A democracia não se constrói com balas ou sangue; constrói-se com respeito, diálogo e reconhecimento das nossas diferenças, independentemente das nossas visões políticas”, defendeu.

Márquez instou o povo colombiano à união “para rejeitar todos os atos de violência”. “Não podemos permitir que o medo e o ódio continuem nos roubando a vida e a esperança”, acrescentou.

A coalizão governista de Petro e Márquez, o Pacto Histórico, também lamentou a morte de Uribe, chamando atenção para o perigo que o atentato promove para a democracia colombiana.

“Acompanhamos a dor de sua família, amigos, colaboradores e a todos os cidadãos que lamentam sua partida. Nos unimos em oração por seu descanso eterno e pelo consolo daquelas que o lamentam. Sua partida também dói na democracia do pais”.

Por sua vez, o partido de Uribe, Centro Democrático, exaltou seu “legado de serviço e amor pela Colômbia” e denunciou “a violência que corrói” no país.

“Sua luta pela vida foi um teste para nós, e sua morte deixa um vazio impossível de preencher. Miguel viverá para sempre em nossos corações e seu exemplo continuará a nos guiar. Neste momento difícil, nossas orações, solidariedade e força estão com sua esposa, filhos, pai e entes queridos”.

A Prefeitura de Bogotá também se pronunciou. Por meio de uma publicação em sua conta na rede social X, “lamentou profundamente” a morte do senador e determinou três dias de luto.

 

A Organização das Nações Unidas (ONU) enviou “condolências e profunda solidariedade à família, amigos e colegas” do político falecido, mas também chamou atenção para a violência política no país.

“Este é um momento doloroso para todos os colombianos. É imperativo eliminar a violência do exercício da política e garantir a proteção da vida como fundamento da democracia”.

Já o secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, pediu justiça pela morte do político. “Os Estados Unidos se solidarizam com a família e com o povo colombiano, tanto no luto quanto na exigência de justiça para os responsáveis”.

(*) Com Ansa, TeleSUR, informações de El Espectador e El Tiempo