Moraes ignora sanções de Trump e garante ‘resposta final’ do julgamento de Bolsonaro
Ministro disse que não se 'acovarda' e que processo contra réus da tentativa de golpe no Brasil prosseguirá
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou nesta sexta-feira (01/08) que ignorará as sanções impostas pelo governo norte-americano de Donald Trump contra ele. Segundo ele, o julgamento dos réus acusados de envolvimento na tentativa de golpe de Estado no Brasil, que inclui o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), prosseguirá independente da interferência dos Estados Unidos.
“O rito processual do STF não se adiantará nem se atrasará. O rito irá ignorar as sanções praticadas. Este relator vai ignorar as sanções que foram aplicadas e vai continuar os julgamentos. Sempre de forma colegiada. Não nos acovardando diante de ameaças, sejam daqui, sejam de qualquer outro lugar”, afirmou o magistrado durante a cerimônia de reabertura dos trabalhos da Corte.
Tratou-se da primeira manifestação conjunta do Judiciário após o governo Trump anunciar sanções financeiras contra Moraes e formalizar a aplicação de tarifas de 50% sobre diversos produtos brasileiros.
Na quarta-feira (30/07), o governo norte-americano anunciou uma penalidade ao ministro do STF sob a Lei Magnitsky, alegando violação de direitos humanos em sua atuação como magistrado. Segundo Trump, o ministro estaria promovendo uma “caça às bruxas” contra Bolsonaro, que atentou contra a ordem democrática do Brasil.
Durante seu discurso, Moraes reforçou que o julgamento prosseguirá sem alterações no segundo semestre. “O STF vai dar uma resposta final a toda a sociedade. Uma resposta sobre quais foram os responsáveis pela tentativa de golpe, inadmitindo interferência externa no Judiciário”, ressaltou.

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes diz que ignorará sanções impostas pelo governo de Donald Trump a ele
Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil
Modus operandi golpista
De acordo com Moraes, o “modus operandi” relativo à atuação do deputado federal Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente, nos EUA e à tentativa de golpe de Estado em 8 de janeiro de 2023 “é o mesmo”.
“O modus operandi golpista é o mesmo. Antes acampamentos na frente dos quartéis, invasão na Praça dos Três Poderes. Para que houvesse, como mais de 500 réus confessaram, a convocação de GLO [Garantia da Lei e da Ordem] e as Forças Armadas, gerando uma comoção nacional e a possibilidade do golpe”, disse o ministro do STF.
“O modus operandi é o mesmo. Incentivo à taxação ao Brasil, incentivo à crise econômica, que gera crise social, que gera crise política. Para que novamente haja instabilidade social e a possibilidade de um novo ataque golpista”, acrescentou.
Ameaças contra STF
Moraes afirmou que os réus que estão no processo do STF por envolvimento na tentativa de golpe não somente ameaçam as autoridades públicas, como também atingem familiares de quem compõe o Judiciário. Segundo ele, essa atitude é comumente reproduzida por “milicianos do submundo do crime”.
Além disso, apontou que a ação destes milicianos junto com o governo Trump caracteriza “claros e expressos atos executórios de traição ao Brasil e flagrantes confissões da prática de atos criminosos”, que incluem coação no curso do processo, obstrução de investigação de infração penal que envolva organização criminosa e atentado à soberania nacional.
(*) Com Ansa e Agência Brasil























