Sábado, 6 de dezembro de 2025
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O ex-secretário de Estado dos Estados Unidos Henry Kissinger, vencedor do Prêmio Nobel da Paz, mas que também conta com controvérsias que o levam a ser chamado de “criminoso de guerra”, morreu na noite da última quarta-feira (29/11) aos 100 anos, segundo a Kissinger Associates Inc. A causa da morte ainda não foi revelada, mas o ex-diplomata faleceu em sua residência, em Connectitcut.

Kissinger ganhou fama nos anos 1970 por sua atuação como secretário de Estado e conselheiro de Segurança Nacional dos EUA nos governos dos presidentes Richard Nixon e Gerald Ford.

Ao longo de sua carreira diplomática, liderou esforços diplomáticos em relação à China, auxiliou na negociação para o fim do conflito do Yom Kippur de 1973 entre Israel e seus vizinhos, e teve um papel principal nos Acordos de Paz de Paris para encerrar a guerra do Vietnã, o que lhe rendeu o mais alto prêmio para pessoas que contribuem para a paz no mundo.

No entanto, sob seu comando, os Estados Unidos também financiaram golpes de Estado na América do Sul, como a ditadura no Chile e no Uruguai em 1973, e na Argentina em 1976. 

Os regimes autoritários que derrubaram governos democraticamente eleitos nos países latinos deixaram milhares de mortos, exilados e desaparecidos que não foram identificados ou encontrados até hoje, quatro décadas depois.

Diante de seu papel global, confira declarações de líderes mundiais sobre o falecimento de Kissinger: 

Benjamin Netanyahu, Israel

Benjamin Netanyahu, o primeiro-ministro de Israel – país que está em guerra contra a Palestina, tendo vitimado mais de 16 mil pessoas na Faixa de Gaza desde outubro – foi o líder mundial que escreveu a mensagem mais longa sobre a morte de Kissinger.

Por meio das redes sociais, o israelense lamentou o falecimento “de um grande estadista, estudioso e amigo”, afirmando que sua partida “marca o fim de uma era em que o seu formidável intelecto e a sua capacidade diplomática moldaram não só o curso da política externa norte-americana, mas também tiveram um impacto profundo na cena global”. 

Netanyahu afirmou que teve o “privilégio” de encontrar Kissinger em diversas ocasiões, sendo a última dois meses atrás em Nova Iorque. O premiê ainda considerou que o ex-secretário de Estados dos EUA foi “um pensador que acreditava no poder das ideias e na importância do capital intelectual na vida pública”. 

“Ao nos despedirmos deste homem gigante, apresento as minhas mais profundas condolências à sua família, amigos e admiradores em todo o mundo. O seu legado continuará a inspirar e orientar as futuras gerações de líderes e diplomatas”, finalizou. 

Gabriel Boric, Chile

Em meio a elogios de líderes mundiais, as declarações de mandatários latino-americanos de países que sofreram com golpes de Estado e ditaduras patrocinadas pelo governo norte-americano sob o comando do antigo diplomata vão na contramão de homenagens. 

Apesar de não fazer declarações formais sobre a morte de Kissinger, o presidente do Chile, Gabriel Boric republicou em suas redes sociais uma notícia do jornal La Tercera, cuja manchete era uma declaração do ex-ministro das Relações Exteriores do Chile, Juan Gabriel Valdés, afirmando que o norte-americano “nunca conseguiu esconder sua miséria moral”. 

Posteriormente, Boric republicou novamente uma publicação do próprio perfil de Valdés, que dizia: “morreu um homem cujo brilhantismo histórico nunca conseguiu esconder a sua profunda miséria moral”. 

Xi Jinping, China

Por meio do Ministério das Relações Exteriores, o governo do chinês Xi Jinping considerou que Kissinger “atribuiu grande importância às relações sino-americanas e acreditava que essas relações eram cruciais para a paz e prosperidade da China, dos Estados Unidos e do mundo”. 

Em referência aos atos do diplomata para as relações bilaterais entre os países, a chancelaria considerou que Pequim e Washington “devem herdar e promover sua a visão estratégica, coragem política e sabedoria diplomática”. 

Enquanto mandatários europeus falam sobre legado de ex-secretário de Estado dos EUA, único presidente latino a se pronunciar, Boric lembra influência de Kissinger em ditadura no Chile

Benjamin Netanyahu/Twitter

Dentre declarações e homenagens de líderes mundiais, premiê de Israel foi o que escreveu mensagem mais longa sobre morte de diplomata

A pasta ainda fez referência ao “consenso importante” alcançado pelos presidentes chinês e norte-americano em São Francisco [em 15 de novembro de 2023], sobre respeito mútuo, convivência pacífica, cooperação. e desenvolvimento saudável e estável das relações. 

Xi Jinping e Kissinger tiveram uma reunião em julho passado e conversaram sobre os feitos do diplomata para a diplomacia entre os países.

Por sua vez, o porta-voz da Embaixada da China em Washington, Liu Pengyu, avaliou que “o povo chinês jamais esquecerá Kissinger, sua morte foi uma grande perda para o mundo inteiro”.

“Ficamos profundamente chocados e tristes ao saber da morte de Henry Kissinger. Estendemos nossas profundas e sinceras condolências à sua família. A morte de Kissinger é uma grande perda para nossos países e para o mundo”, disse Liu Pengyu. Ele apontou que se tratava de “um velho amigo da China”, tendo em conta suas contribuições para as relações bilaterais.

Giorgia Meloni, Itália

A primeira-ministra italiana Giorgia Meloni declarou que Kissinger “foi uma referência para a política estratégica e a diplomacia mundial”.

“Foi um privilégio ter tido recentemente a oportunidade de discutir com ele os vários temas da agenda internacional. O seu falecimento nos entristece e expresso as minhas condolências pessoais e as do governo italiano à sua família e entes queridos”, escreveu em nota.

Vladimir Putin, Rússia

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, expressou suas condolências à esposa do ex-secretário de Estado dos EUA por meio de um comunicado divulgado pelo Kremlin, e o chamou de “diplomata excepcional e estadista sábio”.

“O nome de Henry Kissinger está indissociavelmente ligado à política externa pragmática da América, que desempenhou um papel fundamental na neutralização das tensões internacionais da altura e na obtenção de acordos soviético-americanos cruciais que contribuíram para reforçar a segurança global”, declarou Putin.

“Tive a oportunidade de me comunicar pessoalmente muitas vezes com esse homem profundo e extraordinário e, sem dúvida, guardarei dele a mais brilhante lembrança”, finalizou o russo.

Fumio Kishida, Japão 

O premiê do Japão, Fumio Kishida, saudou as “contribuições significativas” do falecido Henry Kissinger para a paz e a estabilidade na Ásia.

Kissinger “fez contribuições significativas para a paz e a estabilidade regionais, incluindo a normalização dos laços diplomáticos entre os EUA e a China”, considerou.

“Gostaria de expressar meu mais sincero respeito pelas grandes conquistas que ele realizou e oferecer minhas condolências”, acrescentou ele.

Emmanuel Macron, França

Por meio das redes sociais, o presidente da França, Emmanuel Macron declarou que Henry Kissinger “foi um gigante da história”. 

“O seu século de ideias e diplomacia [referência aos 100 anos de idade do diplomata]  teve uma influência duradoura no seu tempo e no nosso mundo. A França endereça as suas condolências ao povo norte- americano”, completou. 

Olaf Scholz, Alemanha

“Henry Kissinger moldou a política externa norte-americana como poucos. O seu compromisso com a amizade transatlântica entre os EUA e a Alemanha foi significativo, e ele sempre permaneceu próximo da sua pátria alemã. O mundo perdeu um grande diplomata”, avaliou o chanceler da Alemanha Olaf Scholz por meio das redes sociais. 

(*) Com Ansa e Sptuniknews