Milei negocia presença militar dos EUA em troca de ajuda financeira, diz jornal
Governo argentino avalia romper acordos com a China e permitir que forças militares norte-americanas operem em Ushuaia
Em busca de ajuda financeira frente à crise econômica que assola a Argentina, o presidente do país vizinho, Javier Milei, se reuniu com seu homólogo nos Estados Unidos, Donald Trump, para discutir uma aliança militar e medidas contra a influência da China na região. A informação é do portal argentino TN, com base em informações de bastidores do encontro entre os dois chefes de Estado, ocorrido em Nova York nesta terça-feira (23/09), durante a 80ª Assembleia Geral das Nações Unidas.
Segundo portal, os chefes de Estado discutiram cooperação em segurança, compartilhamento de tecnologia militar e exercícios conjuntos. E, também, uma autorização operacional para as forças militares dos EUA atuarem na base naval integral de Ushuaia, ainda em construção na Terra do Fogo. O ministro da Defesa argentino Luis Petri, inclusive, compôs a delegação argentina em Nova York, destaca o portal.
Até o momento, nem a Casa Rosada nem a Casa Branca comentaram oficialmente o teor das conversas, mas, segundo o TN, diplomatas de ambos os lados confirmaram que o tema da cooperação em defesa e a relação com Pequim dominaram a agenda da reunião. Segundo a Casa Rosada, o acordo “envolve combater a interferência chinesa no território”.
Neste sentido, Trump exigiu o cancelamento do swap cambial com a China e dos acordos econômicos e militares firmados recentemente entre Buenos Aires e Pequim, que incluem desde infraestrutura até transferência de equipamentos civis e militares.
20 bilhões de dólares
O acordo, afirma a TN, abrirá aos cofres argentinos a possibilidade de honrar vencimentos da dívida estimados em US$ 4 bilhões em janeiro e outros US$ 4,5 bilhões em julho.
Em postagem na plataforma X, o chefe do Departamento do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, anunciou a transferência de US$ 20 bilhões para garantir o pagamento da dívida argentina. Ele também disse que compraria os títulos da dívida do país vizinho se a situação assim o exigir e, ainda, ofereceu um empréstimo stand-by ao país.
“O Tesouro está atualmente negociando com as autoridades argentinas uma linha de swap de 20 bilhões de dólares com o Banco Central. Trabalhamos em estreita coordenação com o governo argentino para evitar volatilidade excessiva”, afirmou Bessent. Ele também disse estar disposto a fazer “o que for necessário” para auxiliar o governo Milei, cujas equipes técnicas do ministério da Fazenda já se preparam para uma reunião com as autoridades do Tesouro norte-americanas.

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Presidência da República Argentina
OTAN
O portal ressalta que o governo argentino estuda aderir formalmente à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). Atualmente, Buenos Aires mantém apenas o status de “aliado extra-OTAN”, mas avalia transformar esse vínculo em participação plena. A reportagem também destaca que o país vem comprando armamentos, como veículos blindados de transporte Stryker, fragatas e submarinos para reforçar a Marinha.
Em abril, o chefe do Comando Sul dos EUA, almirante Alvin Holsey, esteve na base naval de Ushuaia para encontros com militares argentinos, onde afirmou ser “essencial evitar que a China se entrincheire ainda mais no aparato militar de um parceiro importante”.
O governo argentino, inclusive, sinalizou com a possibilidade de desativar o Radiotelescópio China-Argentina (CART), instalado em San Juan em parceria com instituições científicas chinesas e argentinas. A antena de 40 metros é um dos mais visíveis símbolos da cooperação tecnológica com Pequim.























