México rejeita decisão unilateral do Peru de romper relações diplomáticas
Governo Sheinbaum concede asilo diplomático a Betssy Chávez, chefe de gabinete do ex-presidente Castillo; apenas vínculos consulares serão mantidos, diz chancelaria peruana
O México respondeu nesta terça-feira (04/11) à decisão do Peru de romper relações bilaterais com o país norte-americano, após o governo de Claudia Sheinbaum conceder asilo diplomático a Betssy Chávez, que foi chefe de gabinete do ex-presidente Pedro Castillo, deposto em dezembro de 2022.
Segundo o comunicado divulgado pelo Ministério das Relações Exteriores, o México “lamenta e rejeita a decisão unilateral do Peru de romper relações diplomáticas em resposta a um ato legítimo de acordo com o direito internacional”.
O Ministério das Relações Exteriores indicou que o México concedeu “asilo diplomático” à ex-primeira-ministra Bettsy Chávez Chino “em plena conformidade com o direito internacional”, visto que a política afirmou ter sido “submetida a repetidas violações de seus direitos humanos como parte de uma perseguição política pelo Estado peruano desde sua captura em 2023”.
A este respeito, indicaram que a decisão de conceder asilo diplomático ao político peruano foi tomada ao abrigo do Artigo 11 da Constituição Política do México, “após uma avaliação minuciosa e em estrita conformidade com o procedimento estabelecido”, bem como “tendo em consideração os princípios constitucionais da política externa, o humanismo mexicano e o compromisso do país com o asilo e o refúgio”.
Em resposta, afirmaram que a concessão de asilo não pode ser considerada “um ato hostil por parte de qualquer outro Estado”. “Pelos motivos expostos acima, o México rejeita a decisão unilateral do Peru, por considerá-la excessiva e desproporcional a um ato legítimo do México, em conformidade com o direito internacional, que de forma alguma constitui uma intervenção nos assuntos internos do Peru“, prosseguiu o comunicado oficial.

De Zela atacou o governo mexicano liderado por Claudia Sheinbaum, a quem criticou por suas ‘declarações inaceitáveis e falsas’
Peru21TV / Claudia Sheinbaum Pardo/X
Eles também reiteraram que o México “permanecerá fiel à sua tradição humanista de defender os direitos humanos e de proteger as pessoas perseguidas por motivos políticos”. Além disso, afirmaram que a nação norte-americana prefere “o diálogo e a resolução amigável de disputas”, ao mesmo tempo que valoriza “os laços históricos de amizade” que unem os povos do México e do Peru.
Ruptura de relacionamentos
O anúncio do rompimento das relações foi feito pelo novo ministro das Relações Exteriores do Peru, Hugo de Zela, que notificou o rompimento das relações diplomáticas com o México após confirmar que Chávez havia recebido asilo na residência da Embaixada do México em Lima.
Em uma coletiva de imprensa, De Zela criticou duramente o governo Sheinbaum, classificando-o como tendo “declarações inaceitáveis e falsas” a respeito do ex-presidente Castillo, considerado pelo México um prisioneiro político e atualmente detido em território peruano, acusado de suposta rebelião.
Chávez, que foi o último chefe do Conselho de Ministros sob o governo Castillo, está sendo processado por suposta rebelião no mesmo caso que o ex-presidente enfrenta. Segundo De Zela, o México considera o “cúmplice” também um “alvo político”.
O novo ministro das Relações Exteriores do Peru foi nomeado para o cargo em meados de outubro pelo governo peruano, agora chefiado pelo presidente José Jerí, que anteriormente atuou como presidente do Congresso. O congressista peruano assumiu a presidência após o impeachment de Dina Boluarte pelo Legislativo, cargo que ela conquistou após o golpe contra Castillo e com o apoio do mesmo parlamento.
História conturbada
Desde que Castillo foi destituído do cargo em dezembro de 2022, o México acusa o Peru de violar sua ordem constitucional. Andrés Manuel López Obrador era o presidente na época, e seu sucessor, Sheinbaum, manteve essa posição.
Por essa razão, a Comissão de Relações Exteriores do Congresso peruano aprovou, em setembro passado, uma moção para declarar o atual presidente mexicano ‘persona non grata’.























