Mercenário norte-americano acusa CIA de criar 'Cartel de los Soles' na Venezuela
Jordan Goudreau afirma que facilitação do tráfico de drogas pela agência de inteligência está ‘bem documentada’: ‘lucram com isso’
O mercenário e ex-membro das Forças Armadas dos Estados Unidos, Jordan Goudreau, afirmou, em entrevista ao The Grayzone, que a Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos (CIA) teria criado o “Cartel de los Soles” na década de 1990.
“Isso não é segredo, é a verdade. […] Sabemos disso há algum tempo”, afirmou Goudreau, ao acrescentar que a comunidade de inteligência norte-americana está envolvida em operações ligadas ao tráfico de drogas e que “lucra com isso”. Para justificar o envio de forças militares ao Caribe, os Estados Unidos alegaram que o presidente venezuelano Nicolás Maduro seria o líder da organização de narcotraficantes.
Segundo o ex-Boina Verde, o nome do cartel foi dado pelos agentes dos EUA. “O Cartel de Los Soles é quase uma piada entre nós, porque eles não se deram esse nome. Há um remendo em seu uniforme que é um Sol, e a DEA [Administração de Repressão às Drogas dos EUA], ou quem quer que fosse, os chamava assim”, explicou.
A The Grayzone, ele relatou que “a facilitação do tráfico de drogas pela CIA por meio desse grupo [Cartel de los Soles] está bem documentada”. Ele explicou que as agências de inteligência dos EUA operam de forma independente das mudanças de governo e mantêm suas ações em alta confidencialidade, o que permite “facilitar e reunir recursos” derivados do comércio de drogas. “É isso que eles estão tentando proteger”, afirmou.
Goudreau esteve envolvido na tentativa da oposição venezuelana, liderada por Juan Guaidó à época, de derrubar Maduro em maio de 2020. Sua empresa, a Silvercorp USA, seria a responsável pelo envio dos armamentos para a Colômbia, visando uma invasão marítima.

Mercenário norte-americano acusa CIA de criar ‘Cartel de los Soles’ na Venezuela
silvercorpusa / Instagram
‘Ação secreta’
Na semana passada, Donald Trump anunciou a permissão de ações secretas da CIA no território venezuelano. Segundo o ex-analista da CIA, Melvin A. Goodman, atual professor de governo na Universidade Johns Hopkins, o termo “ação secreta” é uma invenção exclusivamente norte-americana.
Ela se refere a operações clandestinas destinadas a influenciar governos e organizações em apoio à política externa dos EUA de forma que não possam ser oficialmente atribuída a Washington, destacou em artigo publicado no Counter Puch.
“A Venezuela é um alvo, embora não desempenhe nenhum papel no comércio de fentanil e seja responsável por pouco da cocaína que entra nos Estados Unidos”, salientou. Ele destacou que o uso das Forças Armadas por Trump tem se tornado cada vez mais agressivo, citando o envio de aviões F-35 e 10 mil soldados a Porto Rico, oito navios de guerra, um submarino de ataque posicionados próximos ao Caribe, além de helicópteros e bombardeiros estratégicos B-52 vistos sobrevoando as imediações da costa venezuelana.
Para o autor, Trump e o secretário de Estado Marco Rubio buscam provocar uma ruptura interna nas Forças Armadas da Venezuela para derrubar Maduro. Ele destacou, inclusive, que o próprio chefe do Comando Sul dos Estados Unidos, almirante Alvin Holsey, anunciou sua aposentadoria antecipada, em aparente protesto.
“Holsey reclamou em particular que sequer foi consultado sobre algumas das ações provocativas que Trump, Rubio e o diretor da CIA, John Ratcliffe, engendraram. É altamente incomum que um comandante combatente deixe seu posto mais cedo”, aponta.























