Sábado, 6 de dezembro de 2025
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Em entrevista à France TV nesta quinta-feira (11/09), Jean-Luc Mélenchon, líder do partido França Insubmissa (LFI, na sigla em francês), defendeu a destituição do presidente francês Emmanuel Macron. “É um dever revoltar-se contra um monarca. O sr. Macron negou o resultado das eleições de 2024”, afirmou.

A LFI apresentou na última terça-feira (09/09), uma moção para destituir o presidente francês. A medida assinada inicialmente por 80 deputados conta com 104 assinaturas, afirmou Mélenchon. “Este é um evento significativo. Em 2024, Marine Le Pen salvou Macron ao impedir que nossa moção fosse votada na Assembleia Nacional”, avaliou.

No documento, publicado no site da LFI, os parlamentares afirmam que Macron é “manifestamente incompatível com o exercício de suas funções”, destacando “sua incapacidade de assegurar a estabilidade das instituições, respeitar a soberania popular e garantir o funcionamento regular dos poderes públicos”.

Entre vários pontos críticos à gestão Macron, a moção destaca o agravamento da dívida pública do país em 1 trilhão de euros desde 2017, alcançando 114% do PIB. “Essa situação é consequência direta das enormes concessões fiscais aos mais ricos e às multinacionais – 75 bilhões de euros por ano em perdas de receita – que permitiram às 500 maiores fortunas francesas dobrar seu patrimônio em oito anos”, afirmam os parlamentares.

Mélenchon defende deposição de Macron: ‘é dever revoltar-se contra um monarca’
Fabio Rodriguez Pozzebom /Agência Brasil

Crise

A moção se baseia no artigo 68 da Constituição francesa, que prevê um mecanismo excepcional para casos de graves descumprimentos. Para avançar, a proposta precisaria de 289 votos, a maioria absoluta dos 577 deputados na Assembleia Nacional para, em seguida, ser apreciada em votação conjunta com o Senado.

Caso alcance os dois terços dos sufrágios, é formada uma Alta Corte que pode julgar o presidente por eventuais falhas em seus deveres constitucionais. Macron já reiterou que não pretende renunciar e concluirá seu mandato até 2027.

Nas redes sociais, a líder da bancada da LFI na Assembleia Nacional, Mathilde Panot, detalhou a composição dos apoios: 86 deputados da LFI, 19 ecologistas e 9 do Grupo Democrático e Republicano (GDR). “Aumenta a pressão, Macron deve partir”, declarou Panot, convocando a população a pressionar seus representantes para ampliar o número de assinaturas.

A ofensiva ocorre após a renúncia do ex-primeiro-ministro François Bayrou, que deixou o cargo na última segunda-feira (08/09), após 364 votos contrários à moção de confiança pedida pelo ministro para a aprovação de sua proposta orçamentária.

O presidente francês nomeou Sébastien Lecornu como novo premiê, mas a LFI já anunciou uma moção de censura contra ele. No dia 10 de setembro, milhares de manifestantes protestaram contra os cortes orçamentários previstos para 2026 sob o lema “Bloqueemos tudo”, que resultaram em confrontos com as forças de segurança e mais de 300 detenções.