Mais Médicos: EUA revogam vistos de brasileiros por contratação de cubanos
Medida atinge secretário da Saúde, Alexandre Padilha, que denuncia 'perseguição'; programa foi criado no governo da ex-presidente Dilma Rousseff
O Departamento de Estado norte-americano anunciou nesta quarta-feira (13/08) que revogará vistos de autoridades brasileiras e ex-funcionários da OPAS (Organização Pan-Americana de Saúde) que tenham atuado na contratação de médicos cubanos no programa Mais Médicos.
Mozart Júlio Tabosa Sales, atualmente secretário de Atenção Especializada à Saúde e muito próximo do ministro Alexandre Padilha (Saúde), e Alberto Kleiman é coordenador-geral para COP30 da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), organização intergovernamental da qual fazem parte os governos de países que têm floresta amazônica em seus territórios.
O Departamento de Estado justificou a revogação porque ambos “trabalharam no Ministério da Saúde do Brasil durante o programa Mais Médicos e desempenharam um papel no planejamento e na implementação do programa”. A medida se estende aos familiares dos atingidos, acrescentou.
“Esses funcionários foram responsáveis pela cumplicidade com o esquema coercitivo de exportação de mão de obra do regime cubano ou se envolveram nisso, o que explora profissionais médicos cubanos por meio de trabalho forçado. Esse esquema enriquece o corrupto regime cubano e priva o povo cubano de cuidados médicos essenciais”, acusou o órgão americano.
Padilha se manifestou, via rede social, sobre a revogação dos vistos, afirmando que o programa sobreviverá a ataques.
“O Mais Médicos, assim como o PIX, sobreviverá aos ataques injustificáveis de quem quer que seja. O programa salva vidas e é aprovado por quem mais importa: a população brasileira. Não nos curvaremos a quem persegue as vacinas, os pesquisadores, a ciência e, agora, duas das pessoas fundamentais para o Mais Médicos na minha primeira gestão como Ministro da Saúde, Mozart Sales e Alberto Kleiman”, publicou o ministro no X.
“Neste Governo atual, em dois anos, dobramos a quantidade de médicos no Mais Médicos. Temos muito orgulho de todo esse legado que leva atendimento médico para milhões de brasileiros que antes não tinham acesso à saúde”, diz ainda.
O Mais Médicos, assim como o PIX, sobreviverá aos ataques injustificáveis de quem quer que seja. O programa salva vidas e é aprovado por quem mais importa: a população brasileira.
Não nos curvaremos a quem persegue as vacinas, os pesquisadores, a ciência e, agora, duas das…
— Alexandre Padilha (@padilhando) August 13, 2025
A Folha de S. Paulo entrou em contato com Kleiman, mas não houve resposta. A OTCA afirmou que ele colabora com a organização na qualidade de consultor externo, voltado ao apoio da participação da entidade na COP30, e que “não se pronuncia sobre assuntos de caráter pessoal ou externos ao escopo das atividades contratadas”.
O Mais Médicos foi implementado em 2013, durante o governo Dilma Rousseff. Padilha também era ministro da Saúde e os afetados nesta quarta pela decisão dos EUA trabalhavam com ele. Entretanto, o Departamento de Estado não elencou nem Dilma nem Padilha como afetados pela revogação do visto.

O programa Mais Médicos foi implementado em 2013, durante o governo Dilma Rousseff. Padilha também era ministro da Saúde e os afetados nesta quarta pela decisão dos EUA trabalhavam com ele
Gil Ferreira/Ascom-SRI
Cuba
O ministro das Relações Exteriores cubano, Bruno Rodríguez, rejeitou nesta quarta-feira (13/08) a política agressiva dos Estados Unidos depois que o secretário de Estado, Marco Rubio, anunciou que Washington imporia restrições de visto a vários altos funcionários do governo de Cuba, bem como de países africanos e Granada, devido ao seu envolvimento na aquisição de serviços médicos da nação caribenha.
“O Secretário de Estado dos EUA está ameaçando impor restrições de visto a governos que tenham programas legítimos de cooperação médica com Cuba. Isso demonstra imposição e agressão pela força, como a nova doutrina de política externa desse governo”, escreveu o Ministro das Relações Exteriores cubano nas redes sociais.
O chefe da diplomacia cubana afirmou em sua mensagem que a maior das Antilhas “continuará prestando serviços” .























