Sábado, 6 de dezembro de 2025
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O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, propôs nesta quarta-feira (24/04) a formação de uma confederação de países que integram a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC). O chefe do Executivo venezuelano fez o discurso durante a 23ª Cúpula de Chefes de Estado da Aliança Bolivariana para os Povos de Nossa América – Tratado Comércio dos Povos (Alba-TCP), em Caracas. Em sua fala, Maduro abordou também a participação de Porto Rico no grupo como “um país independente”.

Maduro disse que os chefes de Estado da Alba devem buscar alcançar os “objetivos dos libertadores e libertadoras” e avançar com a formação de uma confederação dos países da CELAC.

“Conseguimos, em um momento estelar da Alba e do Petrocaribe, dar o passo histórico e fundar a Comunidade dos Estados Latinoamericanos e Caribenhos. Agora, projetamos o sonho dos libertadores e libertadoras, de que algum dia possamos ter força, capacidade e vontade política para passar de uma poderosa CELAC para uma Confederação de Estados, povos e governos da América Latina e Caribe”, afirmou.

O presidente da Venezuela também pediu a independência e a participação de Porto Rico neste grupo. “Precismos construir uma nova CELAC que tenha Porto Rico conosco, como um Estado livre. Não ao colonialismo de Porto Rico!”, disse. Porto Rico é um Estado Livre Associado aos Estados Unidos.

Agenda 2030

Na abertura da cúpula, Maduro lançou a Agenda 2030 da Alba. O documento foi discutido durante a manhã desta quarta-feira entre os presidentes, votado e aprovado pelos chefes de Estado integrantes do grupo. O texto tem sete eixos de ações dos países.

Primeiro, o documento propõe a criação de uma agência de desenvolvimento que terá o objetivo de captar recursos para projetos de desenvolvimento. Também foi debatido o relançamento do Petrocaribe, um programa de fornecimento de petróleo a países caribenhos criado pelo ex-presidente Hugo Chávez em 2005. O programa durou 14 anos e foi interrompido apenas depois das sanções estadunidenses contra a indústria petroleira venezuelana em 2019, quando sua estrutura comercial foi desmobilizada.

Governo da Venezuela
Maduro participou da Cúpula de Chefes de Estado da Alba com outros nove representantes do grupo

Os presidentes debateram também um plano para fomentar e investir na autossuficiência alimentar dos países latino-americanos. Este eixo propõe a criação de planos conjuntos para o uso de sementes orgânicas, fertilizantes e máquinas agrícolas. O texto também coloca como meta a assinatura e adoção do tratado de comércio dos povos. O objetivo é transformar a Alba em uma “zona de comércio justa” e que os países sejam complementares em diferentes setores da economia.

O grupo também discutiu um programa especial de desenvolvimento científico, cultural e comunicacional entre os países integrantes, o relançamento do programa Alba Saúde, com formação de médicos, médicas, enfermeiras e avançar na criação de uma agência para a mitigação das mudanças climáticas.

Segundo Maduro, a agenda é “atualizada aos tempos em que estamos vivendo” e foi construída a partir do diálogo com diferentes países. Ele destacou também que a agenda tem o objetivo de ir além da busca por uma integração. “(É preciso) passar da visão só de integração, que é importante, para uma visão superior, que é a visão dos nossos libertadores e libertadoras, de construir a união da nossa região e dos nossos povos”, afirmou.

Maduro disse também que a Alba “nasceu como uma alternativa ao neoliberalismo que se tornou uma aliança pela vida” e que a agenda tem agora a possibilidade de ampliar essa atuação.

Além de Maduro, outros nove representantes de países que compõem a Alba estiveram presentes: Gaston Browne (primeiro-ministro de Antígua e Barbuda), Ralph Gonsalves (primeiro-ministro de São Vicente e Granadinas), Daniel Ortega (presidente da Nicarágua), Miguel Díaz-Canel (presidente de Cuba), Roosevelt Skerrit (primeiro-ministro da Dominica), Luís Arce (presidente da Bolívia), Phillip J. Pierre (primeiro-ministro de Santa Lucía), Joseph Andall (chanceler de Grenada) e Norgen Wilson (embaixador de São Cristóvão e Névis na Venezuela).

A cúpula foi realizada na esteira do Encontro para uma Alternativa Social Mundial, que aconteceu em Caracas de 18 a 20 de abril. Movimentos populares se reuniram para discutir as possibilidades de um novo mundo frente ao capitalismo. Os debates contaram com a representantes de organizações de 60 países, com protagonismo da América Latina e foi organizado pela Alba.