Sábado, 6 de dezembro de 2025
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O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, alertou no domingo (09/11) contra o “ressurgimento” da Doutrina Monroe, com a qual os Estados Unidos buscam forçar “mudanças de regime” em países da América Latina para se apropriar de suas “imensas riquezas e recursos naturais”.

Em mensagem dirigida aos líderes da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC) por ocasião da IV Cúpula entre a organização e a União Europeia (UE), realizada na cidade colombiana de Santa Marta, o presidente venezuelano rejeita o destacamento militar dos EUA no Mar do Caribe, realizado sob o pretexto de “segurança” e “combate ao crime”, e que implica em “execuções”, violação do “direito internacional” e “desrespeito à vida humana”.

O extenso destacamento dos EUA inclui “porta-aviões de última geração, destróieres de mísseis e submarinos nucleares”, enumerou ele.

“Diante de uma demonstração de força desta magnitude, não há espaço para meias medidas”, afirmou o presidente, alertando que “a soberania dos Estados e a livre autodeterminação dos povos” estão atualmente “em jogo”. A este respeito, enfatizou que Caracas “não aceita e não aceitará qualquer forma de tutela”.

“Não aceitamos que, sob eufemismos como ‘segurança’ ou ‘combate ao narcotráfico’, esteja sendo imposta a antiga Doutrina Monroe, que busca transformar nossa América em um palco para invasões e golpes de ‘mudança de regime’ para roubar nossas imensas riquezas e recursos naturais”, enfatizou ele.

Diante desse cenário, o país latino-americano abraça “a Doutrina Bolivariana em defesa da independência, da unidade e da emancipação de nossos povos”, afirmou.

Nesse sentido, o líder venezuelano apelou aos líderes da região latino-americana para que “unam forças como países e, em uma só voz, exijam a cessação imediata dos ataques e das ameaças militares contra o nosso povo”.

“Proclamemos a defesa incondicional da nossa América como Zona de Paz, rejeitemos categoricamente qualquer militarização no Caribe, exijamos a investigação independente das execuções denunciadas pelos mecanismos de direitos humanos da ONU e estabeleçamos mecanismos regionais de cooperação humanitária e defesa coletiva que garantam a proteção das nossas águas, das nossas costas e das nossas comunidades”, exortou ele.

Apelo por um “diálogo igualitário”

Da mesma forma, Maduro reiterou sua “condenação” ao “bloqueio criminoso e desumano” imposto por Washington a Cuba, que “viola flagrantemente o direito internacional e a Carta das Nações Unidas“, ao mesmo tempo em que expressou sua “rejeição” à inclusão da ilha caribenha em “uma lista espúria de países que supostamente patrocinam o terrorismo”.

Nesse contexto, ele exigiu o levantamento “imediato” de todas as medidas coercitivas “unilaterais” que pesam sobre “nossos povos”, incluindo aquelas impostas pela UE, que, “sob o pretexto de sanções individuais, acabam prejudicando os direitos fundamentais de nossos povos e dificultando seu desenvolvimento”.

“A América Latina e o Caribe são povos livres que propõem relações de cooperação horizontal; exigimos coerência e respeito em suas políticas para com a nossa região. Não aceitamos sanções como método de punição política que viola direitos, nem a lógica de bloqueios que punem nosso povo. Exigimos diálogo igualitário, cooperação para a reconstrução e respeito ao direito internacional”, reiterou.

A Doutrina Monroe, proclamada pelo presidente dos EUA James Monroe em 1823, foi um princípio da política externa americana que rejeitava a intervenção das potências europeias em território americano. No entanto, Washington posteriormente a invocou para justificar suas intervenções em nações latino-americanas.