Sábado, 6 de dezembro de 2025
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O ministro francês das Forças Armadas (equivalente ao ministério da Defesa no Brasil), Sébastien Lecornu, aliado de Emmanuel Macron e vindo da direita, foi nomeado primeiro-ministro, anunciou nesta terça-feira (09/09) o Palácio do Eliseu, sede da Presidência. Seu nome foi divulgado poucas horas após François Bayrou entregar sua demissão, um dia depois de perder o voto de confiança no Parlamento. Aos 39 anos, o novo chefe de governo terá pela frente o desafio de tirar o país de uma crise econômica e política.

Emmanuel Macron nomeou Sébastien Lecornu para o cargo de premiê, encarregando-o, num primeiro momento, de “consultar” os partidos franceses com o objetivo de “construir os acordos indispensáveis às decisões dos próximos meses”, anunciou o Eliseu. “Após essas discussões, caberá ao novo primeiro-ministro propor um governo ao presidente da República”, acrescentou o comunicado.

Lecornu se torna o sétimo primeiro-ministro de Emmanuel Macron, e o quinto desde o início de seu segundo mandato, em 2022. Presença constante no governo desde 2017, o ex-senador da região da Normandia galgou os cargos até se tornar ministro da Defesa, uma pasta extremamente sensível em tempos de guerra na Ucrânia, e se consolidou como um aliado fiel e próximo do chefe de Estado.

Já em dezembro passado, Macron havia considerado nomeá-lo premiê, mas François Bayrou acabou sendo escolhido para o cargo. Desta vez, o presidente não hesitou, e essa nomeação expressa, contrária à sua tendência natural, parece indicar que a decisão foi cuidadosamente preparada com antecedência.

Lecornu substitui Bayrou, que ficou apenas nove meses no cargo, sucedendo outros três primeiros-ministros durante segundo mandato de Macron
Sébastien Lecornu/X

Dança das cadeiras

Lecornu substitui Bayrou, de 74 anos, que ficou apenas nove meses no cargo, sucedendo outros três primeiros-ministros durante o segundo mandato de Macron: Élisabeth Borne, Gabriel Attal e Michel Barnier.

Desde a antecipação das eleições legislativas de 2024, a França vive uma profunda instabilidade política, sem maiorias parlamentares estáveis, em um contexto de elevada dívida pública: quase 114% do PIB. Nos últimos meses, Bayrou havia tentado, sem sucesso, convencer os deputados a apoiar seu plano orçamentário para 2026, que prevê € 44 bilhões (cerca de R$ 279 bilhões na cotação atual) em cortes. Uma das medidas mais impopulares sugeridas pelo então chefe do governo era cortar dois feriados do calendário, o que não agradou nem à opinião pública, nem a boa parte da oposição.

A transmissão de cargo entre François Bayrou e o novo primeiro-ministro Sébastien Lecornu ocorrerá na quarta-feira (10/09) ao meio-dia, em Matignon, sede do governo francês. A data coincide com um dia de mobilização nacional para bloquear o país, convocado por diversos movimentos e liderados pela esquerda.