Sábado, 6 de dezembro de 2025
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O presidente da França, Emmanuel Macron, reiterou nesta quinta-feira (05/12) que considera o acordo comercial entre Mercosul e União Europeia “inaceitável”, em meio à expectativa pelo anúncio da conclusão das negociações na cúpula do bloco sul-americano em Montevidéu, no Uruguai, que acontece até a próxima sexta-feira (07/12).

O posicionamento de Paris chega após a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, desembarcar na capital uruguaia e dizer que a “linha de chegada” para o tratado está “próxima”.

“O projeto de acordo entre a UE e o Mercosul é inaceitável tal como está. O presidente Macron voltou a dizê-lo hoje à presidente da Comissão Europeia”, afirma uma mensagem publicada pelo Palácio do Eliseu, sede da Presidência francesa, nas redes sociais.

“Continuaremos a defender nossa soberania agrícola”, acrescentou a nota.

O encerramento das negociações da parte técnica do acordo comercial entre a União Europeia (UE) e o Mercosul deve ser anunciado nesta sexta-feira, segundo fontes próximas dos negociadores do Mercosul.

Segundo os relatos, durante a cúpula, UE e Mercosul não vão assinar “o texto do acordo”, ou seja, “o instrumento jurídico”, mas vão emitir “uma declaração conjunta confirmando a conclusão da parte técnica”.

Além disso, a presidente da Comissão Europeia, que também participará da reunião no Uruguai, anunciará um fundo de cooperação em questões ambientais em favor dos países do Mercosul.

Ricardo Stuckert / PR
Lula defende formalização do acordo, enquanto Macron resiste e diz que França não aceitará proposta

“Otimismo” de Lula

A chegada de von der Leyen ao Uruguai para participar da cúpula do Mercosul aumentou a expectativa do presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva sobre a possível assinatura do acordo entre os blocos.

“O otimismo do presidente aumentou após saber que Von der Leyen já está no Uruguai”, afirmou uma fonte do Palácio do Planalto à ANSA.

Divulgação campanha bandeira Opera Mundi

Lula tem defendido ativamente a formalização do acordo de livre comércio entre Mercosul e UE e já deu seu aval ao texto negociado pelas delegações dos dois lados.

O presidente já se reuniu três vezes com Von der Leyen para tratar do tema em 2024: durante a cúpula do G20 no Rio de Janeiro, à margem da Assembleia Geral da ONU em Nova York e na cúpula do G7 na Itália.

O acordo comercial entre Mercosul e UE é negociado há 25 anos, e um texto chegou a ser anunciado em 2019, mas nunca foi ratificado. Em 2023, as discussões foram reabertas devido a novas exigências ambientais de Bruxelas que não foram bem recebidas pelos países sul-americanos.

Embora conte com o apoio da Alemanha o acordo enfrenta resistência dos governos de países como França e Polônia, pressionados por agricultores que temem a concorrência de produtos do Mercosul. Já a Itália se diz favorável ao tratado, mas pede mudanças no capítulo sobre agropecuária.

(*) Com Ansa