Sábado, 6 de dezembro de 2025
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O presidente Lula se reuniu neste domingo (26/10) durante 50 minutos com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em Kuala Lumpur, na Malásia. O encontro ocorreu durante a 47ª Cúpula da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN).

“Tive uma ótima reunião com o presidente Trump na tarde deste domingo, na Malásia. Discutimos de forma franca e construtiva a agenda comercial e econômica bilateral”, avaliou Lula. “Acertamos que nossas equipes vão se reunir imediatamente para avançar na busca de soluções para as tarifas e as sanções contra as autoridades brasileiras”, escreveu nas redes sociais.

Lula disse a Trump que não há razão para desavenças com os Estados Unidos e pediu a suspensão imediata do tarifaço contra as exportações brasileiras. “O Brasil tem interesse de ter uma relação extraordinária com os Estados Unidos. Não há nenhuma razão para que haja qualquer desavença”, afirmou.

Em coletiva de imprensa, o chanceler Mauro Vieira, que participou do encontro ao lado do secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, relatou à imprensa que Trump autorizou sua equipe a iniciar as negociações para revisão das tarifas contra o país ainda na noite deste domingo.

“A reunião foi muito positiva, o saldo final é ótimo. O presidente Trump declarou que dará instruções a sua equipe para que comece um processo, um período de negociação bilateral, que deve se iniciar hoje ainda, porque é para tudo ser resolvido em pouco tempo”, afirmou o chanceler.

Lula se encontra com Trump e pede suspensão de tarifaço: ‘ótima reunião’
Ricardo Stuckert / PR

Segundo Vieira a reunião foi descontraída. Trump declarou admirar a carreira política de Lula, “duas vezes presidente da República, tendo sido perseguido no Brasil, se recuperado, provado sua inocência, voltado a se apresentar e, vitoriosamente, conquistando o terceiro mandato”.

Na plataforma X, a Casa Branca publicou em nome de Trump: “é uma grande honra estar com o presidente do Brasil. Acredito que a gente deve conseguir fazer acordos muito bons para os dois países. Nós sempre tivemos uma boa relação, e acredito que continuará assim”.

‘Negociações rápidas’

Vieira relatou que, durante a reunião, o presidente Lula “reforçou a necessidade de suspensão do tarifaço, a injustiça do argumento utilizado, a necessidade de suspensão da Lei Magnitsky em relação a algumas autoridades, o quanto isso é também injusto”.

Trump, relatou Vieira, “ouviu com muita atenção e claramente orientou a sua equipe a seguir dialogando conosco para chegarmos a um bom termo”. Antes de começar a reunião, ele havia acenado a jornalistas a possibilidade de uma negociação rápida.

“A circunstância com a qual estamos lidando agora ainda será discutida, e eu acho que provavelmente chegaremos a uma conclusão bem rápido. Nós nos conhecemos, sabemos o que cada um quer. Acho que chegaremos a uma conclusão”, disse Trump.

As negociações neste domingo serão conduzidas por Vieira, com auxílio do secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Márcio Fernando Elias Rosa. Do lado norte-americano, estarão presentes os secretários de Estado, Marco Rubio e, do Tesouro, Scott Bessent.

Venezuela

Durante o encontro, Lula se colocou à disposição para atuar como interlocutor entre os Estados Unidos e a Venezuela. Segundo Vieira, “o presidente Lula levantou o tema e disse que a América Latina e a América do Sul, onde estamos, é uma região de paz. Ele se prontificou a ser um contato, um interlocutor, como já foi no passado, com a Venezuela, para buscar soluções que sejam mutuamente aceitáveis e corretas entre os dois países”.

Trump chegou a afirmar que a Venezuela não entraria na pauta das discussões, Lula, porém,  trouxe a questão em meio à escalada das ameaças com o envio ao Caribe, nesta sexta-feira (24/10), do maior porta-aviões do mundo, o USS Gerald R. Ford, entre outras embarcações.

Lula criticou os ataques dos EUA a embarcações venezuelanas. Em coletiva de imprensa, em Jacarta, afirmou que seria “muito melhor os Estados Unidos se disporem a conversar com a polícia dos outros países, com o Ministério da Justiça de cada país, para a gente fazer uma coisa conjunta”.

“Se a moda pega, cada um acha que pode invadir o território do outro para fazer o que quer. Onde é que vai surgir a palavra respeitabilidade da soberania dos países? É ruim”, salientou, ao avisar que abordaria o tema na reunião deste domingo.


*Com Agência Brasil