Sábado, 6 de dezembro de 2025
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Em discurso ao fim de encontro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social nesta terça-feira (05/08), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu a soberania brasileira enquanto voltou a criticar as taxas de 50% sobre produtos brasileiros impostas por seu homólogo dos Estados Unidos, Donald Trump.

Durante sua fala ao fim do apelidado de “Conselhão”, Lula destacou que a medida ao Brasil foi inaceitável: “O presidente norte-americano não tinha o direito de anunciar as taxações como ele anunciou para o Brasil. Poderia ter pegado o telefone, ligado para mim, ligar para o Alckmin, para qualquer um. Estaríamos ávidos em conversar. E, depois, o pretexto da carta e da taxação não é nem político, é eleitoral”, disse.

Ainda, o presidente teria defendido que “seria tão importante que a gente trabalhasse baseado na verdade e somente na verdade”, afirmando que “não é possível o mundo dar certo se a gente perder o mínimo de responsabilidade, de respeito à soberania, à Suprema Corte dos países, ao funcionamento do Congresso”.

“Se nós passamos a dar palpite sobre as coisas que acontecem em todos os países, estamos ferindo uma palavra mágica chamada soberania”, acrescentou Lula.

Presidente Lula discrusa ao fim de encontro do 'Conselhão' <br / > Ricardo Stuckert/PR

Presidente Lula discursa ao fim de encontro do ‘Conselhão’, colocando em pauta a soberania brasileira
Ricardo Stuckert/PR

Há espaço para diálogo com Donald Trump?

Lula teria expressado que não gostaria de conversar sobre as tarifas pela falta de abertura, mas que existe a possibilidade de ligar para seu homólogo norte-americano para convidá-lo para a COP30 (Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2025), que ocorrerá em Belém.

“Eu não vou ligar para o Trump porque ele não quer falar. Mas pode ficar certa, Marina [Silva], eu vou ligar para o Trump para convidá-lo para vir para a COP porque eu quero saber o que ele pensa da questão climática. Vou ter a gentileza de ligar. Vou ligar para ele, para o Xi Jinping, para o primeiro-ministro [Narendra] Modi. Só não vou ligar para o [Vladimir] Putin, porque ele não está podendo viajar”, afirmou.

O presidente brasileiro também reiterou a intenção de evitar tensões com Washington ao dizer: “Eu confesso que, na última vez que vim ao Conselhão, fiz um discurso muito inflamado, e hoje, devido à seriedade do momento político que estamos vivendo, resolvi fazer um discurso lido para medir cada palavra”.

O presidente estava acompanhado dos ministros Fernando Haddad (Fazenda), que deve conversar nos próximos dias com o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, e Mauro Vieira (Relações Exteriores), que, na semana passada, manteve diálogo com o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio.

O que está em jogo com as tarifas dos EUA?

É estimado pelo governo brasileiro que 35,9% das exportações brasileiras para os Estados Unidos serão impactadas pelas tarifas republicanas, o que, por sua vez, representaria um total de US$14,5 bilhões em vendas externas de produtos brasileiros.

De fora do tarifaço, ficariam, no entanto, 44,6% dos produtos vendidos para os EUA. Conforme o governo, seria um montante equivalente a US$18 bilhões (que leva em conta, também, as vendas de 2024). Na lista de exceções, figuram 694 itens, como o suco de laranja, a madeira e os derivados de petróleo.

O que é o Conselhão?

Trata-se de um colegiado formado por agentes que atuam em diversos espectros da sociedade, como artistas, empresários, influenciadores digitais e médicos, além de integrantes de movimentos sociais e sindicais, professores, líderes indígenas e outros.

O Conselhão foi, inicialmente, uma iniciativa de Lula, criado em seu 1º mandato (2003-2006), e extinto em 2019 pelo governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Em meio ao seu terceiro governo, o político petista retomou as atividades do grupo em 2023, visando manter um canal de diálogo direto entre o plano Executivo e a sociedade.