Sábado, 6 de dezembro de 2025
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O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, foi recebido nesta sexta-feira (25/08) no Palácio Presidencial de Angola pelo seu homólogo João Lourenço, dando início à sua agenda oficial no país africano.

Durante a reunião, Lula convidou o mandatário angolano a participar dos eventos que serão realizados pelo G20 no Brasil durante o ano de 2024, quando o país sul-americano exercerá a presidência pro tempore do organismo.

Em suas redes sociais, Lula disse que o encontro também serviu para tratar do “fortalecimento da parceria do Atlântico Sul” e para recuperar as relações comerciais entre os dois países, que experimentaram um retrocesso durante o governo do seu antecessor, Jair Bolsonaro.

“Reiterei ao presidente João Lourenço que a relação do Brasil com Angola é uma política de Estado, que independe das circunstâncias”, ressaltou o mandatário brasileiro.

Dívida dos países africanos

Após a reunião, Lula e Lourenço ofereceram declarações à imprensa, momento em que o presidente brasileiro fez um contundente discurso, criticando o Fundo Monetário Internacional (FMI) e defendendo uma mudança de paradigma com relação à dívida dos países africanos com a instituição.

“Eu sei da dívida que o continente africano tem com o FMI, que chega a quase US$ 800 bilhões, e essa dívida vai ficando impagável à medida em que os juros que eles pagam vão ficando muito maior que os juros estipulados no momento em que o empréstimo foi dado. Quem sabe nós precisamos abrir uma nova discussão: por que, em vez de querer receber essa dívida, não podemos transformar essa dívida em obras públicas, em obras de infraestrutura?”, propôs o mandatário brasileiro.

Lula completou seu raciocínio lembrando que “só no ano passado, foram gastos em armas US$ 2,224 trilhões. Imagina se isso fosse gasto em alimentos, se fosse gasto na saúde, se fosse transformado em investimentos nos países africanos?”.

Em Angola, presidente brasileiro convidou seu homólogo João Lourenço a participar de reuniões do G20 em 2024, quando Brasil terá Presidência pro tempore do organismo

Ricardo Stuckert

Lula realizou visita à Angola, onde esteve com o presidente João Lourenço

O líder brasileiro também ressaltou que “Angola sempre será a nossa porta de entrada no continente africano” e lembrou que o Brasil foi o primeiro país em reconhecer a independência de Angola (em novembro de 1975).

“Em 2025, nós completaremos 50 anos de relações, e eu espero que, quando comemorarmos esse feito, nós estejamos novamente sintonizados em nossas economias, em nossas políticas para cuidar do povo, e que possamos dizer que vale a pena a gente se aproximar dos países do continente africano”, frisou.

Lula terminou seu discurso afirmando que “nós temos uma relação preferencial com Angola e vamos fazer o que for possível para voltar a ter a mais produtiva, a mais saudável relação. Precisamos aumentar a diversificação das coisas que compramos e vendemos, aumentar nossa capacidade de transferência de tecnologia, quem sabe uma coisa ensina o outro e nessa troca de experiências tanto o Brasil quanto Angola podem crescer”.

“Brasil voltou de verdade”

Por sua parte, o presidente angolano, João Lourenço, expressou sua satisfação com a visita de Lula, que disse simbolizar o interesse do Brasil em retomar as relações com o seu país. O mandatário africano também lamentou que “nos últimos anos, nossas relações esfriaram, por motivos que não vale a pena mencionar” (embora tenha ficado subtendido que se referia ao período de governo de Jair Bolsonaro).

“É importante contarmos com a presença do presidente Lula, que veio com uma delegação de ministros e uma grande delegação empresarial, o que dá maior conteúdo a uma relação que sempre foi de amizade e de cooperação”, afirmou o presidente angolano. 

Lourenço também enfatizou que “o Brasil é um país que significa muito para Angola, por um conjunto de razões de ordem cultural, histórica e econômica. Queremos desenvolver nossas relações em temas como agropecuária, educação, saúde, turismo e outros aspectos que são importantes para ambas as nações”.

Com relação às palavras de seu homólogo sobre o esfriamento das relações entre os dois países durante o governo anterior, Lula respondeu dizendo que “você e todo o povo angolano podem ter certeza de que o Brasil voltou de verdade”.