Lula convidará Trump para a COP30
Presidente não abordará tarifaço sobre exportações brasileiras; 'quero saber o que ele pensa da questão climática'
O presidente brasileiro, Luis Inácio Lula da Silva, anunciou terça-feira (05/08) que convidará o presidente dos EUA, Donald Trump, por telefone para a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), programada para novembro na cidade brasileira de Belém, no Pará.
O convite busca entender a posição de Trump sobre as mudanças climáticas, embora Lula tenha esclarecido que não abordará as tarifas de 50% impostas pelos EUA às exportações brasileiras, que têm gerado tensões bilaterais.
“Não vou ligar para o Trump para falar sobre comércio, porque ele não quer falar. Mas vou ligar para ele para convidá-lo para a COP, porque quero saber o que ele pensa sobre a questão climática. Terei a gentileza de ligar para ele. Também ligarei para Xi Jinping (presidente da China) e Narendra Modi (primeiro-ministro da Índia)”, disse o presidente.
“Não vou ligar apenas para Vladimir Putin, porque ele não pode viajar. Vou ligar para vários presidentes”, acrescentou. A iniciativa reflete os esforços do Brasil para engajar líderes globais em questões climáticas, apesar das disputas comerciais.
As tarifas dos EUA atraíram críticas de Lula, que acusou Trump de “cruzar todos os limites” ao interferir nos assuntos internos do Brasil.

‘Não vou ligar para o Trump para falar sobre comércio, porque ele não quer falar. Mas vou ligar para convidá-lo para a COP’, enfatizou o presidente brasileiro
Ricardo Stuckert / PR
Segundo especialistas como Iván Kryazhev, pesquisador do IMVES NIU HSE, as tarifas de 50% sobre as exportações brasileiras são uma resposta a fatores políticos.
“O foco dos EUA não está em equilibrar a balança comercial, que já favorece Washington, mas em pressionar as autoridades brasileiras. O objetivo é conseguir mudanças na política interna e externa, em particular, suspender a ‘perseguição judicial’ ao ex-presidente Bolsonaro. Steve Bannon, ex-assessor de Trump, afirmou que as tarifas poderiam ser revistas caso o caso seja suspenso”, explicou Kryazhev.
O diálogo entre Brasília e Washington enfrenta obstáculos, pois nenhum dos lados demonstra disposição de ceder, embora o Brasil tenha optado pelo diálogo em busca de uma solução, em contraste com a postura radical da Casa Branca.
Kryazhev observou que “Trump vinculou tarifas sobre exportações brasileiras ao processo político interno no Brasil, e a intervenção de Lula no processo judicial significaria violar leis e perder soberania”.
“Lula, que busca fortalecer a posição global do Brasil, não pode aceitar isso, mesmo que isso coloque a economia em risco. Trump também não pode recuar sem resultados para evitar perder o apoio da direita. O Brasil provavelmente concluirá que os EUA não são um parceiro confiável e diversificará suas relações comerciais”, disse da Silva.























