Sábado, 6 de dezembro de 2025
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O presidente Lula comemora seus 80 anos nesta segunda-feira (27/10) em plena missão diplomática. Nesta segunda-feira (27/10), ele participa da abertura da 20ª Cúpula da Ásia do Leste, em Kuala Lumpur, capital da Malásia, e será recebido em um jantar de gala, oferecido pelo presidente Anwar Ibrahim, e pela primeira-dama, Wan Azizah Wan Ismail.

Em viagem pelo Sudeste Asiático desde quinta-feira passada (23/10), Lula esteve na Indonésia, onde tratou principalmente da cooperação econômica entre o Brasil e o país asiático. No dia seguinte, ele seguiu para a Malásia, onde participou da 47ª Cúpula da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) e do Fórum Bilateral Brasil-Malásia, além de cumprir uma série de encontros bilaterais.

Entre eles, a reunião com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ocorrida neste domingo (27/10), onde eles discutiram as tarifas impostas a produtos brasileiros, a situação da Venezuela e a 30ª Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas – COP 30, a ser realizada em Belém, em novembro deste ano.

Donald Trump cumprimentou Lula pelo aniversário. “Eu quero desejar ao presidente [Lula] um feliz aniversário; hoje é o aniversário dele, você sabia? Ele é um cara muito vigoroso. Fiquei muito impressionado; mas hoje é o seu aniversário, então feliz aniversário. Você pode passar essa mensagem a ele, por favor?” , disse Trump a um repórter nesta manhã em Washington.

Encontro com Trump

O presidente disse hoje, em coletiva de imprensa, estar otimista em relação à suspensão das tarifas. “Tive ontem na reunião [com o presidente Donald Trump] uma boa impressão de que logo, logo não haverá problema entre Estados Unidos e Brasil”, afirmou.

E acrescentou: “estou convencido de que, em poucos dias, teremos uma solução definitiva entre Estados Unidos e Brasil para que a vida siga boa e alegre do jeito que dizia o Gonzaguinha na sua música”.

Durante o encontro, Lula reforçou a Trump que os Estados Unidos registram superávit no comércio com o Brasil e entregou ao republicano um documento com os temas que pretende abordar nas negociações.

“Eu não estou reivindicando nada que não seja justo para o Brasil e tenho do meu lado a verdade mais verdadeira e absoluta do mundo, os Estados Unidos não têm déficit com o Brasil, que foi a explicação da famosa taxação ao mundo, que os Estados Unidos só iam taxar os países com quem eles tinham déficit comercial”, disse.

Questionado sobre as promessas de Trump, ele disse não ser santo para receber promessas, e salientou: “para mim, o que ele tem que fazer é compromisso. E o compromisso que ele fez é que ele pretende fazer um acordo de muito boa qualidade com o Brasil”.

Lula afirma que solução definitiva entre Brasil e EUA virá ’em poucos dias’
Ricardo Stuckert / PR

Venezuela, COP30 e Malásia

Lula também afirmou ter se colocado à disposição nas negociações entre a Casa Branca e a Venezuela. “Isso ficou muito claro, se precisar que o Brasil ajude, estamos à disposição para negociar”, disse.

“O Brasil não tem interesse que haja uma guerra na América do Sul. A nossa guerra é contra a pobreza e a fome. Se a gente não conseguir resolver o problema da fome e da miséria, como a gente vai fazer guerra? Para matar os famintos? Não dá para achar que tudo é resolvido à base da bala, que não é”, complementou.

Ele também reforçou o convite a Trump para participar da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30). “Eu disse para ele: ‘é importante que você vá para dizer o que você pensa. Se você não acredita nas coisas, vai lá para você poder dizer o que você pensa’. Não pode a gente fingir que não tem uma situação climática”, afirmou.

Lula também reforçou que a Malásia terá apoio do Brasil para se tornar membro pleno do Brics, e comentou sobre o aniversário: “eu nunca me senti tão vivo e com tanta vontade de viver”, garantiu.

Negociações em curso

Durante a coletiva, o chanceler Mauro Vieira afirmou que as reuniões entre as equipes dos dois países ocorrerão nas próximas semanas. “Concordamos em trabalhar para construir um acordo satisfatório para ambas as partes”, afirmou.

E acrescentou: “nas próximas semanas, acordamos um cronograma de reuniões entre as equipes negociadores para tratar das negociações de ambos os países com foco nos setores mais afetados pelas tarifas”.

Já o secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Márcio Rosa, disse que as discussões com os Estados Unidos estão “avançando espetacularmente bem”.

“O Brasil solicita que haja reversão da decisão política tomada [relativa à taxação]. Os aspectos políticos que poderiam existir já não estão mais, não está mais na mesa aquilo que nunca poderia ter estado mesmo. Graças a essa posição, nós hoje fazemos uma discussão de um acordo comercial e não com outras naturezas que não sejam comerciais”, destacou.