Luis Arce diz não temer vitória da oposição na Bolívia: ‘que ganhe a direita, mas que o faça de maneira correta’
Mandatário boliviano defendeu pleito transparente e democrático
O presidente da Bolívia, Luis Arce, afirmou em entrevista ao jornal argentino La Nación, divulgada neste sábado (16/08), que não teme uma eventual vitória da direita nas eleições de agosto, mas ressaltou que isso só será aceitável se ocorrer de forma transparente e democrática.
“Que ganhe a direita, mas que o faça de maneira correta”, declarou, criticando o que chamou de manipulação de pesquisas eleitorais pela oposição desde 2022. Arce destacou que seu governo enfrentou enormes dificuldades herdadas do passado, mas conseguiu estabilizar a economia e preservar a democracia.
O mandatário disse que a direita nunca superou a marca de 30% do eleitorado boliviano e defendeu a força de sua base popular. “Quando ganharam como nós, com 55% dos votos, como se atribuem agora a metade do país? Nunca”, questionou. Para ele, apesar da ofensiva opositora, a prioridade do MAS é garantir eleições limpas e preservar a democracia frente às disputas de agosto.
O presidente boliviano lembrou que, após o golpe de 2019 e os protestos em Santa Cruz de La Sierra, havia o risco de um novo golpe de Estado nos anos seguintes. “Muitos não pensavam que íamos chegar às eleições, mas conseguimos. O melhor legado que estamos deixando é mostrar que se pode fazer uma transição democrática”, afirmou.

Para Arce, apesar da ofensiva opositora, prioridade do MAS é garantir eleições limpas
Luis Alberto Arce Catacora/X
Sobre a economia, Arce reconheceu os problemas com a importação de combustíveis, que pressionam as contas públicas e aumentam os custos logísticos do país. Segundo ele, a Bolívia precisa avançar na industrialização de seus recursos naturais para reduzir a dependência externa. Como exemplo, citou os gastos de U$ 3 bilhões (R$16,5 bilhões) com importação de combustíveis no último ano.
Questionado sobre as recentes declarações do presidente argentino Javier Milei, que falou sobre a economia boliviana, Arce foi categórico ao classificar o episódio como ingerência.
“Milei primeiro fez uma questão de ingerência falando da economia boliviana. Milei não respeitou. Também não o fez Patricia Bullrich [ministra da segurança da Argentina] quando disse que nós temos forças militares iranianas na Bolívia. Que nos demonstre isso. Nunca o demonstrou”, rebateu.
Arce também apontou para a necessidade de novos investimentos em energias alternativas, como biodiesel. Ele anunciou que a planta de El Alto, que será inaugurada em setembro deste ano, vai permitir uma importante redução da importação de combustíveis fósseis e marcar o início de uma nova etapa de industrialização no setor energético boliviano.























