Sábado, 6 de dezembro de 2025
APOIE
Menu

O governador da Província de Buenos Aires, Axel Kicillof, e outros políticos ligados ao kirchnerismo – ala mais à esquerda do peronismo – acusaram nesta quarta-feira (03/09) o presidente da Argentina, Javier Milei, de provocar os militantes de esquerda para se vitimizar.

Segundo Kicillof, o mandatário de extrema direita tenta reverter os efeitos causados pelo escândalo de corrupção que envolve sua irmã, Karina Milei – que também é chefa da Secretaria Geral da Presidência – e outros colaboradores próximos ao seu governo denunciados por um suposto esquema de propina a provedores de medicamentos para a Agência Nacional dos Deficientes (ANDIS, por sua sigla em espanhol).

Os alertas kirchneristas surgiram após o partido governista A Liberdade Avança anunciar que o ato final da campanha eleitoral legislativa na província acontecerá nesta quinta-feira (04/09), no município de Moreno, reduto eleitoral histórico da esquerda argentina.

Além do local escolhido para o evento, considerado como “uma provocação” por parte dos peronistas, outro elemento desse novo cenário foram as declarações de Milei em uma entrevista para meios franceses, nas quais afirmou que os opositores “planejam um atentado para acabar com a minha vida”. “Este é um momento chave na história da Argentina e os kirchneristas estão dispostos a ir ao tudo ou nada”, alegou o presidente argentino.

Por sua vez, o governador Kicillof disse que a extrema direita “tem todo o direito de fazer sua campanha, mas este evento demonstra alguns aspectos muito estranhos e suspeitos: primeiro, foi escolhido um local que não estava preparado para sediar um evento desta natureza; segundo, indivíduos com mais antecedentes criminais do que experiência política estavam envolvidos na organização; e terceiro, os líderes do partido de Milei estão mais preocupados em alertar sobre potenciais atos de violência do que em chamar seu público”.

O governador de Buenos Aires recomendou que os partidos da coalizão União Pela Pátria, que reúne diferentes setores do peronismo, “devem instruir seus militantes a se manterem o mais longe possível do local do evento, para evitar produzir a cena que Milei pretende criar, para fortalecer seu discurso de vitimização”.

Segundo Axel Kicillof, Milei tenta reverter efeitos causados pelo escândalo de corrupção que envolve sua irmã
Vox España/Wikicommons

A prefeita do município de Moreno, a também kirchnerista Mariel Fernández, disse que a preocupação sobre o evento “não é só sobre o que pode acontecer com o presidente, mas também porque quero cuidar do povo da minha cidade, por isso peço que ninguém que queira protestar (contra o governo) venha ao evento”.

Fernández afirmou ainda que “recebemos informações de que estão oferecendo dinheiro para moradores do bairro e vândalos de casas noturnas para virem ao evento, não sei quais são as intenções deles, mas peço aos moradores da cidade que não se aproximem do evento”.

Eleições na Província de Buenos Aires

A Província de Buenos Aires é a região que reúne os 135 municípios que envolvem a Cidade de Buenos Aires, capital do país – com status de Distrito Federal. Também é o maior colégio eleitoral da Argentina, superando a capital.

No próximo domingo (07/09), haverá eleições legislativas para escolher os novos parlamentares da Assembleia Legislativa Provincial, cujos cargos são equivalentes aos dos deputados estaduais no Brasil.

Nos últimos dias, a imprensa local vem especulando uma possível derrota da extrema direita no pleito de domingo devido ao escândalo de corrupção envolvendo o governo de Milei.

Esse cenário foi reforçado pelo resultado do último domingo (31/08), quando a Província de Corrientes, no norte da Argentina, realizou o mesmo processo de eleições legislativas internas, no qual o partido de extrema direita de Milei foi somente o quarto mais votado – a maior bancada ficou com o movimento regionalista Vamos Corrientes, e o peronismo ficou com a segunda maior votação.