Nacionalista de direita, Karol Nawrocki assume Presidência da Polônia
Político do partido Lei e Justiça deve bater de frente com primeiro-ministro do país, Donald Tusk, da Coalizão Cívica, em pautas como imigração, aborto e direitos LGBTQIA+
Nesta quarta-feira (06/08) Karol Nawrocki, político populista de direita do partido Lei e Justiça (PiS), assumiu a presidência da Polônia, em meio a um conflito aberto com o primeiro-ministro do país, Donald Tusk, da Coalizão Cívica (PO).
Com 42 anos, Nawrocki é historiador, e ascendeu em meio a polarização política na Polônia. Mais midiático que Andrzej Duda, seu antecessor — que passou dez anos no poder — ele conta com um passado como hooligan, segurança de hotel e boxeador, e encontrou as urnas por meio de conexões inflamatórias e falas populistas.
Nacionalista, pró-Trump e de direita, porém longe da imagem de um conservador católico, o político do PiS foi escolhido pelo povo polonês com uma diferença mínima (50,89% do votos) enquanto disputava o cargo com o atual prefeito de Varsóvia, Rafał Trzaskowski, da governista Coalizão Cívica (49,11% dos votos).
“A Constituição polonesa tem sido violada com tanta frequência que nós, como classe política, devemos começar a trabalhar em soluções”, afirmou em seu discurso de posse nesta quarta-feira, sem citar diretamente o governo de Tusk, que ocupa o cargo de primeiro-ministro há dois anos.

Nawrocki não conta com experiência administrativa, e deve permanecer no cargo pelo menos até 2027, ano das próximas eleições parlamentares no país
Mikołaj Bujak/
Kancelaria Prezydenta RP
Os bastidores da disputa polonesa
Político de carreira centrista, Tusk já foi presidente da Comissão Europeia, e desde que assumiu o cargo, tem buscado aproximar o país da União Europeia (UE), após um afastamento promovido principalmente por Duda, o ex-presidente polonês, ao longo da última década.
Agora, o país deve ser palco da disputa entre as duas vertentes novamente, com pautas como as cotas da União Europeia para imigrantes estrangeiros, os refugiados ucranianos, além de políticas sociais, como o aborto e os direitos da comunidade LGBTQIA+.
É importante destacar que, embora parlamentarista, a Polônia conta com um sistema no qual o presidente pode propor ou vetar legislações, e, por isso, Tusk estará cara a cara com um opositor que é um mandatário eleito, embora especialistas aguardem pragmatismo entre os dois.
Na última semana, o primeiro-ministro havia dito que não permitiria que “o senhor Nawrocki, uma vez empossado como presidente, sabote politicamente o governo”. O país já enfrenta uma guinada conservadora há certo tempo, e havia sofrido uma reforma do sistema judiciário que Tusk prometeu reverter em 2023. A Polônia havia, inclusive, sido enquadrada na época dentro do artigo sete da União Europeia, por afronta ao Estado de Direito.
Nawrocki não conta com experiência administrativa, e deve permanecer no cargo pelo menos até 2027, ano das próximas eleições parlamentares no país.
São unanimidades entre os partidos do primeiro-ministro e do presidente o apoio à Ucrânia e o temor da possibilidade de expansão da Rússia, além da rejeição da entrada do país na zona do euro.
Mas as desavenças são maiores: Nawrocki assume em um momento de impopularidade para Tusk, principalmente na questão migratória, impulsionada por um controle controverso das fronteiras, que se estende até o mês de outubro.
A direita polonesa defende que o governo do primeiro-ministro tem sido permissivo quanto a imigração irregular, e, com isso, as bandeiras populistas do PiS tem chamado a atenção de eleitores.























