Sábado, 6 de dezembro de 2025
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O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, evitou comentar, neste domingo (23/11), a prisão preventiva de Jair Bolsonaro, mas afirmou que o ex-mandatário deverá cumprir a decisão determinada pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Em declaração à imprensa na África do Sul, onde participa da Cúpula de Líderes do G20, o líder brasileiro destacou que decisões judiciais devem ser tratadas com respeito institucional e disse que o processo contra Bolsonaro seguiu todos os trâmites legais.

“A primeira coisa é que eu não faço comentário sobre uma decisão da Suprema Corte. A Justiça tomou uma decisão, ele foi julgado, ele teve todo direito à presunção de inocência, foram praticamente dois anos e meio de investigação, de delação e julgamento”, salientou.

“A Justiça decidiu, está decidido, ele vai cumprir a pena determinada. E todo mundo sabe o que ele fez”, acrescentou o presidente.

Lula ainda negou que a prisão de Bolsonaro poderá afetar sua relação com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, enfatizando que o republicano precisa “saber que somos um país soberano”. “E o que a gente decide aqui, está decidido”, afirmou.

Já Trump declarou neste sábado (22/11) que considera “uma pena” a prisão de Bolsonaro. “Foi isso o que aconteceu? É uma pena”, afirmou o republicano na Casa Branca ao ser questionado por jornalistas sobre o caso.

O ex-presidente brasileiro é visto como aliado de Trump. A decisão do STF em condenar Bolsonaro a 27 anos de prisão por tentativa de golpe de Estado chegou a ser citada pelo norte-americano em agosto passado para justificar a imposição de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros. Na ocasião, o magnata chegou a classificar o julgamento como uma “caça às bruxas”.

Lula disse não comentar decisões do STF
Ricardo Stuckert/PR

Trump também anunciou que se reunirá “em breve” com o presidente Lula. “Conversei ontem à noite com o senhor a quem você se referiu e acredito que nos encontraremos em breve”.

A prisão preventiva de Bolsonaro foi decretada no sábado (22/11) pelo ministro Alexandre de Moraes. A decisão se baseou na tentativa de violação da tornozeleira eletrônica durante a madrugada da vigília organizada na sexta-feira (21/11) pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) em frente ao condomínio onde Bolsonaro cumpria prisão domicilar.

Bolsonaro foi levado para a Superintendência Regional da PF no Distrito Federal, de onde participou de audiência por videoconferência, neste domingo. Na reunião ele alegou que “teve uma certa paranoia de sexta para sábado em razão de medicamentos que tem tomado receitados por médicos diferentes e que interagiram de forma inadequada”.

Ele afirmou ainda que “não tinha qualquer intenção de fuga e que não houve rompimento da cinta [da tornozeleira]”.

Os advogados vão recorrer da decisão da prisão preventiva. Segundo eles, a tornozeleira eletrônica só foi colocada para “causar humilhação” ao ex-presidente e que a fuga com o rompimento do equipamento é apenas uma narrativa para justificar a prisão.

Já na segunda-feira (24), terá início o julgamento virtual na Primeira Turma do STF, que analisará a manutenção da prisão preventiva. Os ministros poderão votar entre 8h e 20h para confirmar ou não a decisão de Moraes.

Condenado a 27 anos e três meses de prisão na ação penal da trama golpista, Bolsonaro e os demais réus podem ter as penas executadas nas próximas semanas. Na semana passada, a Primeira Turma da Corte rejeitou os chamados embargos de declaração do ex-presidente e de mais seis acusados para reverter as condenações e evitar a execução das penas em regime fechado. Neste domingo, termina o prazo para a apresentação dos últimos recursos pelas defesas. Se os recursos forem rejeitados, as prisões serão executadas.

(*) Com Agência Brasil e Ansa