Justiça da Itália mantém Zambelli presa ‘por alto risco de fuga’
Deputada que fugiu do Brasil para escapar de condenação por invadir sistemas do Conselho Nacional de Justiça permanecerá detida durante análise de pedido de extradição
A Justiça da Itália determinou nesta quinta-feira (28/08) que a deputada federal brasileira Carla Zambelli (PL) deve continuar presa enquanto o pedido de extradição apresentado por Brasília é analisado.
A sentença aponta “o alto risco de fuga” como fator decisivo para manter a brasileira na prisão de Rebibbia, nos arredores de Roma. Segundo a decisão, se Zambelli fosse colocada em liberdade, ela “poderia realizar essa fuga novamente em condições mais favoráveis, contando com apoio adequado à liberdade de movimento”.
Além disso, os juízes citaram que a deputada federal “chegou em voo internacional de Miami ao Aeroporto de Fiumicino, no dia seguinte à emissão da ordem de prisão, conforme a parte dispositiva da sentença proferida contra ela em 4 de junho de 2025, pelo Supremo Tribunal Federal do Brasil”.
Na decisão realizada após uma audiência na última quarta-feira (27/08) com a presença da deputada, o Tribunal de Apelações de Roma ainda afirmou que o pedido de liberação apresentado pela defesa “não pode ser aceito neste momento”.
A Corte de Apelação também considerou que a defesa de Zambelli não conseguiu comprovar as alegações de perseguição política denunciadas pela parlamentar brasileira. Os juízes italianos também disseram que os problemas de saúde apontados pela defesa da deputada não impedem a manutenção da prisão.
“Segundo os juízes italianos, Zambelli parece nunca ter cultivado reais interesses na Itália, como demonstra seu desconhecimento da língua italiana, o que exigiu, inclusive, a nomeação de um intérprete para as audiências”, informou a Advocacia-Geral da União (AGU), que representa o governo brasileiro no caso.
“Em especial, com referência ao transtorno depressivo, de acordo com a decisão, não foram encontradas evidências que sugerissem desejo de automutilação ou comportamento anticonservador na deputada, sendo que outras condições como tendência a mau humor e distúrbios do sono podem ser tratadas e revisadas em terapias e consultas”, completou o órgão.
O advogado da parlamentar, Fabio Pagnozzi, garantiu que apresentará recurso contra a decisão e denunciou, sem apresentar provas, pressões do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para prejudicar sua cliente.

Zambelli está detida na Itália desde julho, após fugir do Brasil para tentar escapar de condenação por invadir sistemas do Conselho Nacional de Justiça
Lula Marques/Agência Brasil
Fuga
Em julho, Zambelli foi presa em Roma, capital da Itália, onde tentava escapar do cumprimento de um mandado de prisão emitido pelo ministro Alexandre de Moraes.
Por ter dupla cidadania, Zambelli deixou o Brasil, em maio deste ano, após ser condenada pelo STF a 10 anos de prisão pela invasão ao sistema eletrônico do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ocorrido em 2023. A deputada também terá que pegar R$ 2 milhões em danos coletivos.
De acordo com as investigações, Zambelli foi a autora intelectual da invasão ao sistema do CNJ, para emissão de um mandato falso de prisão contra Alexandre de Moraes. Segundo as investigações, o hackeamento foi executado por Walter Delgatti, que também foi condenado e confirmou ter realizado o trabalho a mando da parlamentar.
Após a fuga para a Itália, o governo brasileiro solicitou a extradição da deputada para o Brasil. O pedido de extradição de Carla Zambelli foi oficializado no dia 11 de junho pelo STF. Em seguida, o pedido foi enviado pelo Itamaraty ao governo italiano.
Segunda condenação
Na semana passada, o Supremo Tribunal Federal (STF) condenou novamente a deputada, pelo episódio em que ela sacou uma arma de fogo e perseguiu o jornalista Luan Araújo às vésperas do segundo turno das eleições de 2022. A perseguição começou após Zambelli e Luan trocarem provocações durante um ato político no bairro dos Jardins, em São Paulo.
Por 9 votos a 2, o Supremo definiu a pena de cinco anos e três meses de prisão pelos crimes de porte ilegal de arma de fogo e constrangimento ilegal com emprego de arma de fogo.
(*) Com Agência Brasil e Ansa























