Irã e Europa reabrem negociações sobre programa nuclear

As negociações sobre o programa nuclear iraniano foram retomadas nesta sexta-feira (25/07) em Istambul, com a participação do Irã e do grupo europeu E3 (Alemanha, França e Reino Unido). O diálogo ocorre sob a ameaça do bloco europeu de restabelecer as sanções da Organização das Nações Unidas (ONU) caso não haja progressos até agosto.

Esmail Baqaei, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Irã, afirmou à agência IRNA que as negociações representam uma “oportunidade valiosa” para a Europa revisar sua postura. No entanto, criticou o que chamou de “posições tendenciosas” do E3 em relação aos ataques de Israel e Estados Unidoscontra o Irã, acusando-os de “apologismo a violações do direito internacional”.

“A República Islâmica já se opôs a essas posições e protestará novamente durante a sessão de sexta-feira”, declarou Baqaei.

Segundo o Financial Times, o bloco europeu está disposto a estender o prazo para reativação das sanções até 18 de outubro, desde que Teerã concorde em retomar o diálogo com os Estados Unidos e cooperar com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).

Irã realizou quatro rodadas de negociações com o E3 e cinco com os Estados Unidos, sem resultados concretos
Mohammad Hassanzadeh / Tasnim News Agency

O governo iraniano, porém, rejeitou a ameaça, afirmando que o “snapback” (reativação de sanções) “carece de base legal”, já que foram os EUA que abandonaram unilateralmente o JCPOA em 2018. “A Europa não tem autoridade para aplicar mecanismos de um acordo que violou”, destacou o porta-voz.

O Irã confirmou a visita de um alto funcionário da AIEA para discutir um novo protocolo de cooperação, mas deixou claro que não permitirá inspeções às instalações danificadas nos ataques de junho por EUA e Israel.

“Não mudamos nossa posição: defendemos o direito iraniano ao uso pacífico da energia nuclear”, reforçou o ministro das Relações Exteriores, Abbas Araqchi.

Este ano, o Irã realizou quatro rodadas de negociações com o E3 e cinco com os Estados Unidos, sem resultados concretos. Washington insiste no “enriquecimento zero” de urânio, enquanto Teerã defende seu programa nuclear para fins pacíficos.