Sábado, 6 de dezembro de 2025
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O Irã convocou neste sábado (27/09) seus embaixadores na França, Alemanha e Reino Unido, diante da aproximação do prazo para o restabelecimento das sanções do Conselho de Segurança da ONU contra o país. Salvo em caso de uma inesperada reviravolta, a partir desta noite as medidas voltarão a valer devido ao fracasso das negociações entre Paris, Berlim, Londres e Teerã sobre o programa nuclear iraniano.

As negociações se intensificaram nos últimos dias, à margem da Assembleia Geral da ONU, em Nova York. Mas a França, a Alemanha e o Reino Unido alegam que o Irã protagonizou uma escalada nuclear nos últimos anos, e suspeitam que o país esteja desenvolvendo uma bomba atômica, o que é negado por Teerã.

Segundo a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), o Irã é o único país a enriquecer urânio a um nível alto, próximo ao limite técnico de 90%, necessário para a fabricação de armas nucleares.

Entre as sanções que serão restabelecidas por meio do mecanismo chamado de “snapback” estão o embargo a qualquer venda ou transferência de armas ao Irã, a proibição da importação, exportação ou transferência de materiais relacionados ao programa nuclear e balístico, e o congelamento de ativos no exterior de pessoas ou entidades ligadas ao programa nuclear iraniano.

Exigências dos Estados Unidos

O presidente iraniano, Masoud Pezeshkian, afirmou nesta manhã que os Estados Unidos exigiram que o Irã entregasse “todo” o seu urânio enriquecido em troca de uma extensão de três meses da suspensão das sanções. Para ele, a imposição é “inaceitável”. “Dentro de alguns meses, eles farão uma nova exigência e dirão novamente que querem restabelecer o snapback”, acrescentou Pezeshkian.

bandeira irã

Governo iraniano afirmou na ONU não querer armas nucleares
Flickr / Blondinrikard Fröberg

O Reino Unido, a França e a Alemanha – grupo de países conhecido como E3 – acionaram no fim de agosto o mecanismo que permite, em um prazo de 30 dias, restabelecer as sanções suspensas em 2015, depois do acordo sobre o programa nuclear iraniano. Após o sinal verde do Conselho de Segurança da ONU e o insucesso de Rússia e da China na sexta-feira (26/09) em adiar o prazo final, as pesadas medidas devem voltar a valer nesta noite.

O ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araghchi, acusou os norte-americanos e europeus de “má-fé”, jurando que seu país “jamais cederá à pressão”. No entanto, o chefe da diplomacia iraniana também deixou aberta a possibilidade de negociações.

Bomba atômica

Em 2015, França, Reino Unido, Alemanha, Estados Unidos, Rússia e China firmaram com Teerã um acordo que previa a limitação das atividades nucleares iranianas em troca da suspensão das sanções. No entanto, durante seu primeiro mandato, em 2018, o presidente norte-americano, Donald Trump, decidiu se retirar do compromisso e restabelecer suas próprias sanções contra Teerã.

Com a decisão, Irã reestabeleceu medidas prévias ao acordo, especialmente as relacionadas ao enriquecimento de urânio. No entanto, o governo iraniano continua garantindo que não tem intenção de fabricar uma bomba atômica. “Não queremos armas nucleares”, afirmou Masoud Pezeshkian durante seu discurso nesta semana na Assembleia Geral da ONU.