Irã agradece apoio de Pequim e propõe aliança de segurança em cúpula na China
Teerã sugeriu novo mecanismo de defesa, durante reunião da Organização de Cooperação de Xangai, após ameaça europeia de retomar sanções por programa nuclear
O ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araqchi, elogiou a China nesta quarta-feira (16/07) por adotar “posições construtivas e influentes” nas organizações internacionais e condenar as agressões de Israel e dos Estados Unidos contra Teerã.
Os comentários foram feitos durante uma reunião entre Araqchi e seu homólogo chinês, Wang Yi, à margem de uma sessão do Conselho de Ministros das Relações Exteriores da Organização de Cooperação de Xangai (SCO na sigla em inglês), em Tianjin, na China.
Além de agradecer pela realização da cúpula, o chanceler iraniano apreciou a “posição clara e firme” de Pequim contra a ofensiva israelense e norte-americana que atingiu suas instalações civis e nucleares em junho passado, deixando mais de 6.500 mortos segundo o governo.
O ministro das Relações Exteriores chinês, por sua vez, elogiou a “boa vontade e a abordagem responsável e sábia” do Irã na prevenção de novas escaladas e conflitos no Oriente Médio.
Wang Yi ainda reafirmou o “firme apoio” da China à integridade territorial, soberania e segurança nacional do Irã, opondo-se à “políticas coercitivas e unilaterais e ao uso da força” para resolver disputas.
Mecanismo de defesa para a Organização de Cooperação de Xangai
O diálogo entre os chanceleres iraniano e chinês ocorreu um dia após Araqchi propor o estabelecimento de uma assembleia regional de segurança para a Organização de Cooperação de Xangai.
A proposta feita pelo ministro iraniano na última terça-feira (15/07) contaria com a participação das instituições de defesa e inteligência dos estados-membros: Índia, Irã, Cazaquistão, China, Quirguistão, Paquistão, Rússia, Tajiquistão e Uzbequistão.
O objetivo da assembleia seria “abordar ameaças comuns, como terrorismo, extremismo, crime organizado e ameaças cibernéticas” que fazem parte de “um esquema mais amplo para minar a soberania nacional, derrubar a vontade de nações independentes e afirmar o domínio sobre os recursos e destinos dos Estados”, segundo Teerã.
“A SCO deve adotar uma postura mais ativa, independente e estruturada para enfrentar essas ameaças. A Organização deve servir não apenas como um escudo para os interesses de seus Estados-membros, mas também como um modelo de ordem regional responsável, equilibrada e cooperativa”, instou Araqchi.
O chanceler iraniano também propôs que a SCO estabeleça “um mecanismo permanente para monitorar, documentar e coordenar respostas a agressões militares” contra a soberania de seus estados-membros.
Araqchi falou ainda sobre o “aprofundamento da convergência cultural e midiática” entre os Estados-membros como forma de “combater a guerra de percepções e as narrativas unilaterais disseminadas” pelas potências hegemônicas. Tal sugestão parte da denúncia iraniana de que a afirmação do Irã possui armas nucleares foi uma narrativa criada pelo governo israelense.

Irã já declarou disposição em negociar acordo nuclear com Washington, desde que haja garantias de que Teerã não seja novamente atacada
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Ameaças ocidentais
Por fim, a autoridade iraniana sugeriu um “Centro de Estudo e Combate às Sanções Unilaterais”, para formular estratégias de resistência a “sanções econômicas ilegais”, como forma de proteger as cadeias de suprimentos, os sistemas bancários e as trocas comerciais entre os Estados-membros.
Em meio ao anúncio das medidas para que a SCO se proteja das ameaças ocidentais, inclusive econômicas, a França, Reino Unido e Alemanha sinalizaram o possível restabelecimento de suas sanções contra Teerã caso não haja um acordo nuclear com os Estados Unidos.
Segundo a Al Jazeera, as penalidades haviam sido suspensas em 2015 em troca da permissão do Irã em ter seu programa nuclear monitorado. Mas de acordo com o ministro das Relações Exteriores francês, Jean-Noel Barrot, as sanções poderiam retornar ao fim de agosto caso as negociações não avançassem.
“A França e seus parceiros estão justificados em reaplicar embargos globais sobre armas, bancos e equipamentos nucleares que foram suspensos há 10 anos”, disse Barrot, citado pela emissora.
“Sem um compromisso firme, tangível e verificável do Irã, faremos isso até o final de agosto, no máximo”, acrescentou o chanceler europeu.
O governo iraniano já declarou estar disposto a negociar com Washington, desde que haja garantias de que Teerã não seja novamente atacada no meio do processo.
Em comunicado divulgado nesta quarta-feira (16/07) pelo Parlamento da nação persa, os legisladores afirmaram que os EUA “usaram as negociações como uma ferramenta para enganar o Irã e encobrir os ataques militares surpresa do regime sionista”, por isso novas conversas “no formato anterior são impossíveis”.
“Nenhuma nova conversa será realizada a menos que certas pré-condições sejam totalmente atendidas”, advertiu o documento.
(*) Com Tasnim News Agency























